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Cultura
Quarta - 11 de Novembro de 2009 às 16:22
Por: Thalita Araújo

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Edna Lara é uma dessas figuras extremamente cuiabanas. Ela consegue manter o ar da terra onde nasceu e hoje mora mesmo tendo vivido muitos anos no Rio de Janeiro. Aos 67 anos, a vivacidade lhe pertence. A espontaneidade também, escancarada ao receber a reportagem do Olhar Direto em casa, de bobes nos cabelos e bem à vontade. Uma de suas maiores heranças culturais de Mato Grosso? A gastronomia.

Hoje Edna é reconhecida entendedora do assunto. Gosta muito de comer. Gosta muito de cozinhar. E profissionalizou-se nisso. Formou-se em gastronomia pela Universidade Estácio de Sá (RJ) em 2005, antes de voltar para Cuiabá.

Voltar a morar em Mato Grosso inspirou Edna, que trabalhava como funcionária pública antes de arriscar uma nova profissão, a organizar um livro sobre a gastronomia mato-grossense, incentivada pelo ex-secretário de Cultura do Estado João Carlos Vicente Ferreira.

Então, neste ano, foi lançada a obra Diversidade da Gastronomia de Mato Grosso, de 148 páginas, nas quais há mais de 70 receitas de doces, salgados e bebidas resgatando a história da culinária local.

“Gastronomia é resgate histórico, é cultura. Não foi fácil ‘garimpar’ as receitas todas do livro. As pessoas têm muito apego com as receitas, veem como patrimônio, legado familiar”, explica Lara.

Ela sentiu necessidade de fazer um registro desse legado, já que não costumava encontrar esse tipo de trabalho por aqui. Cerca de 20 veículos na imprensa nacional publicaram algo sobre o livro lançado, abrindo muitos espaços e sorrisos para Edna – e para a gastronomia mato-grossense também.

Revistas como IstoÉ, Menu, Cláudia e outras tiveram a publicação relacionada. Além de jornais como Folha de S.Paulo e Correio Braziliense, que dedicou uma página inteira para contar a história da gastrônoma, no último mês de outubro. Receitas de Lara também integram o site da Ana Maria Braga, muito acessado por aqueles que não dispensam um bom trabalho na cozinha.

Desde criança na casa de mamãe

Edna Lara tem quatro irmãos e é filha de Dona Nympha, uma personalidade notável na cuiabania, de 98 anos. Ela conta que a mãe era extremamente exigente na cozinha, onde as filhas deveriam ser impecáveis.

“Se a comida que a gente fizesse não ficasse boa, mamãe jogava a panela inteira fora. Aí tínhamos que fazer tudo de novo”, conta Lara. Assim, em meio às exigências de Dona Nympha, Edna foi aprendendo tudo sobre a comida regional, na prática.

O dom aflorado no Dia de São João

Apesar dos esforços constantes no fogão de casa, quando criança e jovem, Edna Lara nunca havia pensado em levar a cozinha para o lado profissional. Isso só aconteceu há quase duas décadas.

Todos os anos ela fazia uma festa de São João em casa, para receber os amigos. A comemoração era regada a comida, muita comida, a qual era feita por uma cozinheira contratada por Edna.

Um dia, véspera da festa, a cozinheira ligou e avisou que não poderia mais trabalhar, por conta de um imprevisto. “Fiquei desesperada”, confessa Lara. Para não deixar a comemoração ser estragada, ela teve que ir para a cozinha, mas aos comandos de outra grande cozinheira que encontrou por acaso, no dia.

“A partir daí, decidi que iria aprender a fazer de tudo, que jamais passaria sufoco. Comecei a procurar cursos. No Rio, em São Paulo. Fazia todos. Quando reuni um bom conhecimento do assunto, parti para a faculdade”, relata Edna.





Fonte: Olhar Direto

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