CCJ do Senado rejeita convocação de Dilma e Lina
O governo mobilizou sua base aliada no Senado e conseguiu rejeitar nesta quarta-feira, na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), os requerimentos de convite e de convocação para a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) explicar o suposto encontro com Lina Vieira, ex-secretária da Receita Federal.
A comissão também rejeitou requerimento com o convite à ex-secretária, que disse ter encontrado uma agenda com a prova de que esteve no Palácio do Planalto para se encontrar com Dilma no final do ano passado.
Presentes em maioria à sessão, os governistas rejeitaram os requerimentos por 9 votos favoráveis e 4 contrários.
Em ano pré-eleitoral, o governo quer evitar novos desgastes à ministra com o episódio, uma vez que Dilma é pré-candidata do PT à Presidência da República em 2010.
O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), disse que Lina já prestou esclarecimentos à comissão sobre o suposto encontro com Dilma --por isso não há necessidade de retornar à CCJ. "A oportunidade foi dada à doutora Lina, ela mesma disse que não viu gravidade, só achou estranho [o pedido]. A oposição tem que achar outra agenda", ironizou.
O senador Lobão Filho (PMDB-MA) chegou a trocar farpas com o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) sobre a convocação da ministra. "Esse debate é ridículo", afirmou. O tucano, por sua vez, reagiu. "Ridículo é a mentira", disse Dias.
Além de Mercadante e Lobão Filho, os senadores Serys Slhessarenko (PT-MT), Ideli Salvatti (PT-SC), Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), João Pedro (PT-AM), Eduardo Suplicy (PT-SP), Francisco Dornelles (PP-RJ), Romeu Tuma (PTB-SP) e Osvaldo Sobrinho (PTB-MT).
Explicações
A oposição decidiu pedir a presença de Lina na comissão depois que a ex-secretária da Receita Federal disse à revista "Veja" que teria encontrado a agenda na qual ficou anotada a data do seu encontro com Dilma --que nega ter se encontrado com Lina. No encontro, segundo Lina, a petista teria lhe pedido para acelerar as investigações contra familiares do senador José Sarney (PMDB-AP).
"Lina Vieira não pode precisar exatamente em qual data o encontro ocorreu e que somente poderia confirmar esse dado se localizasse uma agenda funcional que continha todas as datas e horários de suas reuniões. Segundo reportagem da revista 'Veja', a ex-secretária encontrou a referida agenda que continha as informações precisas sobre o encontro", afirma o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).
A oposição afirma que a agenda com anotação do encontro reabre o caso. Os governistas, por outro lado, dão o assunto como encerrado. Na agenda que Lina diz ter encontrado, há menção a uma audiência com Dilma na página de 9 de outubro de 2008. Nessa data, há de fato registro no Planalto da entrada de Lina.
Segundo a ex-secretária, o encontro foi chamado por Dilma e teve um só tema: um pedido para "agilizar" a investigação nos negócios da família Sarney.
Em 19 de agosto, dez dias depois de ter feito a acusação contra Dilma em entrevista à Folha, Lina depôs no Senado. Ela confirmou sua versão e deu mais detalhes. Tanto a ministra como Lula negaram as acusações e desafiaram a ex-secretária a apresentar provas da data exata do encontro.
Comentários