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Politica Brasil
Quinta - 01 de Outubro de 2009 às 00:16
Por: Kleber Lima*

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A ‘bicicleta’ que o senador Jayme Campos (DEM) passou em Luiz Antonio Pagot (PR), forçando esse a renunciar à vaga de suplente de senador, pode não ser um ato tão fortuito como se poderia imaginar.

Conectado a recentes declarações do presidente da Assembléia Legislativa, José Riva (PP), opinando que Jayme é um candidato mais amplo que Wilson Santos (PSDB) e que Mauro Mendes (PR) daria no máximo um bom candidato a vice-governador ano que vem, podemos estar diante da evidência de que JC passou a crer na chance de vencer a eleição de governador no ano que vem.

Situados no tempo, esses dois eventos – a licença de JC e as declarações de JR – ocorreram logo após a crise do PAC em Cuiabá em função da operação PACENAS. A essa altura do campeonato, nem mesmo o tucano mais otimista – daqueles que acreditam até que o ex-senador Antero Paes de Barros será capaz de bater a audiência de Roberto França na TV – nega o grande prejuízo que essa operação provocou à imagem do prefeito Wilson Santos – e consequentemente ao seu projeto eleitoral para 2010.

E pode ser exatamente esse ‘fato novo’ o motivador dos lances seguintes, citados acima. Jayme Campos andava de farol baixo e já não falava mais com quase nenhum interlocutor sobre sua candidatura ano que vem. Segundo fontes ligadas ao senador, ele estava muito próximo ao projeto nacional Democrata, que era fortalecer o palanque de José Serra ano que vem como prioridade. Logo, isso implicaria numa aliança com os tucanos em Mato Grosso, e até meados deste ano, todas as pesquisas de intenção de voto davam uma vantagem substancial a Wilson sobre os demais adversários, inclusive ele próprio. Logo, naquele cenário, não seria sequer razoável postular uma vaga que, naturalmente, deveria ser preenchida pelo prefeito da capital.

Porém, a crise do PAC representou aqueles fatores imponderáveis que vez ou outra alteram completamente os cenários políticos, zerando variáveis antigas e criando novas (imponderável, nesse caso, em relação a Jayme. Registre-se que Wilson Santos já fez declarações à imprensa de que a operação PACENAS pode ter sido orquestrada pelo PR e o PT para atingi-lo politicamente).

Jayme, ao que parece, raciocinou que a inviabilização de Wilson era sua última chance de voltar a sonhar com o comando do Estado novamente. Mas, teria que agir logo, por duas razões básicas. A primeira reside no fato de não se saber qual a intensidade e a extensão do dano que a crise do PAC trouxe ao prefeito. Como ainda estamos a um ano das eleições – e como WS é um político ‘teflon’ -, ainda há tempo hábil, pelo menos hipoteticamente, para o tucano se recuperar desse desgaste. Já o segundo motivo, deve ter pensado o senador, seria aquela lei segundo a qual não há espaço vazio em política. Logo, se ele se demorasse a agir, uma terceira via poderia surgir no campo da oposição. E um desses nomes poderia ser ninguém menos que o próprio José Riva, que está se transformando no grande coringa das eleições do ano que vem, podendo definir o pleito para o lado que pender e podendo pender para qualquer lado.

A outra leitura que Jayme e a maioria dos players da próxima eleição estão fazendo é a que dificilmente surgirá um intruso na bipolaridade situação versus oposição nas eleições de 2010. Embora estejamos vivendo um momento importante para essa definição – que é o troca-troca partidário pelo prazo fatal de um ano antes – tudo indica que teremos dois grandes pólos em disputa ano que vem. De um lado, o pólo governista capitaneado por PR, PMDB e PT, e do outro o pólo oposicionista, formado por PSDB, DEM, PPS e PTB. Formam as chamadas forças auxiliares que serão disputadas o PSB, PDT e os nanicos. E o PP figura como o grande coringa, como já dito em relação a José Riva.

BICICLETA: No dizer da política cuiabana, ‘passar a bicicleta’ em alguém seria o mesmo que, pela astúcia, colocar seu adversário numa situação em que suas únicas jogadas sejam as planejadas por você. Passativa. Xeque-mate.

(*) KLEBER LIMA é jornalista e consultor de marketing em Mato Grosso. E-mail: kleberlima@terra.com.br.





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