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Economia
Segunda - 06 de Julho de 2009 às 14:50
Por: Cirilo Junior

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A menor pressão de produtos básicos na mesa do brasileiro, como arroz, feijão e carne, foi decisiva para o arrefecimento da inflação para as famílias de baixa renda no primeiro semestre deste ano.

De janeiro a junho, a taxa acumulou alta de 2,99%, bem abaixo dos 5,97% observados em igual período em 2008, segundo dados relativos ao IPC-C1 (Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1), que mede a variação de preços para as famílias com renda de 1 a 2,5 salários mínimos.

Em junho, o IPC-C1 subiu 0,14%, desacelerando frente à alta de 0,69% constatada em maio.

Para o economista da FGV, André Braz, o perfil da inflação para a baixa renda está se alterando. Se no ano passado, foi marcada por um forte impacto dos alimentos, a tendência é que, ao longo deste ano, os custos com habitação tomem a dianteira entre as principais pressões sobre o índice.

No primeiro semestre, as variações de alimentos in natura e de itens sujeitos a questões sazonais, como leite e açúcar, mantiveram o item alimentação como maior influência da alta no período. Os alimentos responderam por 36% da taxa de 2,99% de janeiro a junho.

Nos últimos 12 meses, no entanto, já há uma inversão de papéis, e a habitação já surge exercendo maior impacto, significando 30% da taxa acumulada de 4,35%. Os alimentos foram responsáveis por 26% desta alta.

"Há uma troca de pressão. Os custos com habitação vêm subindo mais do que os alimentos. E a tendência daqui para frente é que esta perspectiva permaneça. Ao longo deste ano, os alimentos mais sensíveis à volatilidade pressionaram mais, e espera-se que esta influência diminua no segundo semestre", afirmou Braz.

Aliado a isso, estão previstos reajustes de itens ligados à habitação nos próximos dois meses, que terão grande impacto sobre a inflação para a baixa renda. Em julho, o ajuste na tarifa de energia elétrica em São Paulo vai pesar no bolso do consumidor; em agosto, sobe a conta de água e esgoto no Rio de Janeiro.

"Isto não causará uma reviravolta na inflação, mas não dá para esperar uma taxa como a de junho", argumentou Braz.

Se produtos mais sujeitos à volatilidade, e de menor influência no bolso do consumidor subiram mais entre os alimentos, ao mesmo tempo, itens essenciais ficaram mais baratos no primeiro semestre. O feijão carioca teve deflação de 17,31% entre janeiro e junho. O preço do arroz branco para o consumidor de menor renda ficou 12,21% mais barato. Também caíram os custos com carne (-3,73%) e com o pão francês (- 1,99%), nos primeiros seis meses de 2009.

"No ano passado, esses produtos estavam em alta, e foram decisivos para a escalada da inflação pelo IPC-C1, a mais alta para o período desde 2004. A queda dos preços desses itens é mais importante que a pressão momentânea observada em produtos sujeitos a questões sazonais", acrescentou Braz.





Fonte: Folha Online

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