Pedido de Delúbio causa polêmica entre petistas

O pedido de redenção e "volta à casa" do homem do mensalão Delúbio Soares ao PT causou um verdadeiro alvoroço entre os petistas. Dos membros da direção nacional que vão dizer sim ou não ao pedido do ex-tesoureiro do partido, dois são de Mato Grosso: o ex-deputado Gilney Viana, ex-secretário de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável do ministério do Meio Ambiente, e Silbene Santana de Oliveira, da Unidade na Luta, campo majoritário do PT. Gilney lidera no Estado a tendência Utopia e Vida e, nacionalmente, é da Militância Socialista. Ele antecipa que é contra o reingresso de Delúbio ao PT. Já Silbene, que integra o grupo dos deputados Carlos Abicalil (federal) e Alexandre Cesar e Ságuas Moraes (estaduais) se manifesta de forma evasiva. A tendência é que ela venha a votar "sim".

A Nacional vai aproveitar o encontro dos dias 8 e 9 de maio para inserir no debate o pedido de Delúbio, que foi expulso após explodir a crise no PT por causa do escândalo do mensalão, em 2005. Gilney entende que o retorno de Delúbio seria um retrocesso. "Sou contrário. Se o diretório cogitar a sua filiação terá que rediscutir e passar a limpo o passado. Discutir o porque saiu e agora está voltando", avisa.

Além de voltar à sigla, Delúbio pretende concorrer a deputado federal por Goiás. O seu pedido é feito em meio a um clima turbulento, já que em maio acontecem as eleições internas do PT e este é o período em que os militantes estarão mais divididos. Na carta, o ex-tesoureiro alega ter sofrido uma pena muito dura e quer uma segunda chance. "A volta de Delúbio nos obrigará a fazer uma discussão muito ampla sobre a política do PT. A crise econômica deve ser o principal tema de nossos adversários, mas a sua volta significaria mais munição em 2010", analisa Gilney.

Delúbio é acusado de deixar um rombo de R$ 40 milhões nos cofres do PT, além de ser um dos principais responsáveis pela distribuição de uma espécie de mensalidade a parlamentares. Silbene que também compõe a corrente Construindo um Novo Brasil não quis adiantar o seu voto, mas a tendência é que acolha o pedido de Delúbio. "Vou analisar tudo o que será dito. Ainda não sei como vou me posicionar. Não posso dizer que não vou se sou a favor de seu pedido ou não".

No início deste mês, o ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, que foi acusado de envolvimento no mensalão, participou de um encontro em Cuiabá com militantes de sua corrente. Nas conversas de bastidores, ele já tinha adiantado sobre as pretensões de Delúbio e pediu apoio de seu grupo para garantir a volta do ex-tesoureiro que deixou um rombo de R$ 40 milhões ao caixa do partido.