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Terça - 27 de Janeiro de 2009 às 15:07

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Imagens exibidas na tarde desta terça-feira (27) pelo "Jornal Hoje", da TV Globo, mostram a fiscalização dos agentes do Ministério do Trabalho em Lucas do Rio Verde (354 km ao Norte de Cuiabá). Eles encontraram redes amarradas num barraco e um colchão improvisado em cima de pedaços de madeira. “Dormem aqui mais ou menos 14 ou 15 pessoas”, disse um trabalhador.

A maioria dos trabalhadores não tinha carteira assinada. Eles foram contratados para derrubar a floresta e limpar a área de uma nova fazenda por R$ 25 por dia. “Se a gente trabalhar debaixo de chuva o dia todo, ganha o dia todo. Se não trabalhar, não ganha”, contou outro trabalhador.

A própria localização das propriedades, no meio da selva, é uma forma de aprisionamento.

Um homem chegou a ficar dois meses sem receber pagamento. Segundo ele, o patrão só acertava as contas quando chegava na cidade. “Fica difícil sair daqui para ir até lá. Dá 52 quilômetros, tem que ir e voltar a pé”, ele justifica.

A exploração de mão de obra escrava é crime. O Código Penal prevê pena de dois a oito anos de reclusão. Os infratores têm que pagar uma multa e são processados por dano moral.

Mapa do trabalho escravo

No ano passado, 4.634 pessoas foram resgatadas em todo país. A situação é tão grave que o ministério do Trabalho chegou a montar um ranking com estado que mais utiliza mão-de-obra escrava.

Goiás, com 867 libertações, é o estado que lidera a estatística, seguido do Pará, Alagoas e Mato Grosso, que estava na topo da lista e caiu para a quarta posição.

Geralmente, existem homens armados que vigiam os trabalhadores. Um rapaz com quem conversamos teve que fugir de uma fazenda na cidade de Confreza (MT), também no norte do estado, para denunciar os maus tratos que ele e outras 17 pessoas estavam sofrendo. “Eles ameaçavam me matar. Eu saí de lá e não recebi nada”, conta.

As ameaças também assustam lideranças dos sindicatos rurais, que são as primeiras a receber as denúncias. “Eles ligavam na minha casa à noite e diziam que eu tinha entregue a fazenda ao ministério do Trabalho. Ele me dizia que ia acaba com a minha vida”, contou outro trabalhador.

Por causa do clima tenso, as equipes de fiscalização sempre entram nas fazendas suspeitas acompanhadas de policiais – o que nem sempre intimida os infratores. Numa das ações, o carro onde estava um procurador foi apedrejado e fiscais, ameaçados. “Uma pessoa ligou e falou que havia sido contratada para dar cabo dos fiscais que estavam atuando na região”, contou o auditor fiscal Ademar Fragoso Júnior.





Fonte: G1

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