Saída de Thelma da cúpula abre crise no PSDB
O clima de acirramento entre líderes do PSDB em Mato Grosso despertou uma operação “anti-incêndio” dentro do ninho tucano. Uma comissão foi designada na Executiva estadual na tentativa de abafar o mal-estar instalado entre lideranças diante dos riscos impostos à coesão rumo ao projeto de 2010. A ação de “resgate” tenta encerrar definitivamente, ou ao menos minimizar, o racha escancarado entre a deputada federal Thelma de Oliveira e o prefeito Wilson Santos.
O clima de racha entre líderes da sigla veio à tona esta semana com o pedido de renúncia entregue por Thelma e Aparecido Alves, dois tucanos veteranos no Estado, que recusaram o posto de secretário-geral do PSDB mato-grossense. Em princípio, era ventilada nos bastidores a tese de que ambos estão descontentes com Wilson, que não teria acolhido nenhuma das indicações das duas lideranças para a nova composição do staff municipal.
Porém, no centro do impasse, surge outro suposto motivo do racha interno: um possível descontentamento da parlamentar com o acordo já desenhado entre o chefe do Executivo municipal e líderes do DEM, PP e PMDB, que incluiria planos para as próximas duas eleições estaduais. Reuniões realizadas nos últimos dias entre Wilson e líderes de outros partidos aponta para a construção de um amplo arco de alianças para 2010, isolando, entre os grandes partidos, o PR liderado pelo governador Blairo Maggi.
Um dos fundadores do PSDB no Estado, Paulo Ronan está na liderança da comissão especial que tentará convencer Thelma e Aparecido Alves a recuarem da renúncia. Ronan alerta para os riscos incidentes sobre o partido, decorrentes da visível ruptura entre Wilson e a parlamentar. Membro da executiva regional, Paulo já deu início à tentativa de conciliação. O episódio já anuncia uma crise sem precedentes no partido. Thelma é a grande “herdeira” do espólio político do ex-governador Dante de Oliveira, o maior líder na história do PSDB de Mato Grosso.
No entendimento de Ronan, o clima de acirramento interno é decorrente da falta de comunicação entre o prefeito e a direção tucana no Estado. A maior aposta do PSDB, apesar de frágil, consiste no fato de a posição da parlamentar ainda não ter sido sacramentada, apesar da entrega da carta de renúncia, já que a primeira reunião da Executiva regional este ano só ocorre na segunda-feira (26).
“Formamos uma comissão para tentar encontrar uma solução para esse caso. Acredito que é possível fazer com que essa decisão da deputada seja mudada”, enfatiza. A segunda tese levantada com a cisão de Thelma com a cúpula do PSDB – e com Wilson – desponta à medida que as conversações se intensificam entre o prefeito, o deputado estadual José Riva (PP), o senador Jayme Campos (DEM) e o presidente estadual do PMDB, Carlos Bezerra. Eles teriam se reunido mais recentemente na noite de quinta-feira.
Com exceção de Bezerra, Wilson, Jayme e Riva estão entre os nomes mais cotados à sucessão ao governo do Estado. Riva é também apontado como um dos nomes com maior potencial para assegurar vaga no Senado nas próximas eleições. No PMDB, apesar da proximidade do vice-governador Silval Barbosa (PMDB) com Blairo Maggi, o cacique Carlos Bezerra não esconde o distanciamento paulatino do republicano, numa aproximação cada vez maior com Wilson.

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