Promotora que pediu queda de Zé do Pátio vê pressão
Joana se mostra indignada por ser colocada sob suspeição, diz que MP recebeu provas sobre compra de votos e que a lista contém mais de 2,5 mil nomes de eleitores; vereadora Mariúva é citada; testemunhas mudam depoimento no dia seguinte
A promotora eleitoral de Rondonópolis, Joana Maria Bortoni Ninis, se mostrou indignada com a postura do prefeito eleito Zé do Pátio (PMDB) de colocá-la sob suspeição no processo em que o Ministério Público pediu a cassação do registro do peemedebista. Em entrevista ao RDnews no Forúm de Rondonópolis, nesta terça (25) no inicio da noite, ela fez espécie espécie de desabafo. Joana acabara de participar de mais uma audiência do processo que corre contra o prefeito Adilton Sachetti (PR) e ler a peça de defesa do prefeito eleito protocolada na segunda (24). Ambos respondem a processos por crime eleitoral.
Joana Ninis apresentava cansaço e esboçava tristeza. Ela tinha participado de mais uma audiência do processo que corre contra Sachetti. Ele é investigado por causa de uma apreensão de mais de R$ 1 milhão em 3 de outubro - saiba mais aqui. A promotora disse que o processo deve ser encerrado nos próximos dias, contudo, se mostrou indignada com o pedido de afastamento requerido por Pátio, que também responde a processo. O peemedebista entregou sua peça de defesa nesta segunda (24) e requisitou o afastamento dos promotores Sérgio Silva da Costa e Maria Fernanda Correa da Costa e de Joana Bortini.
"Não é fácil para mim. Vocês não têm idéia da pressão que estou sofrendo. Um partido (PMDB) quer ser o 4º poder. Não importa se eu perder. O importante é que eu fiz minha parte, sem esmorecer, sem me vender. A gente não é promotor de Justiça para mudar sentença por causa de deputado não! Isso é independência. Crescimento democrático", desabafa a promotora, logo após ler a defesa do prefeito eleito Zé do Pátio, que responde a processo por captação ilícita de sufrágio, ou seja, compra de votos.
Processo
Joana Ninis explicou que a Polícia Federal não lavrou flagrante no dia da apreensão do dinheiro na casa de Miguel Martins de Oliveira, o Miguel Miliani, localizada no distrito de Vila Operária, porque os policiais receberam um telefonema. Aliado de Zé do Pátio, Miliani é acusado de ser o operador do esquema de compra de votos. "No dia da apreensão, os PMs chamaram a Polícia Federal, como é de praxe neste tipo de crime. Os policiais federais foram para lá, mas ao receberem um telefonema simplesmente foram embora e deixaram tudo na mão dos PMs", enfatiza a promotora eleitoral.
Ela vai mais longe e diz que o Ministério Público não foi comunicado sobre os fatos e que ela ficou sabendo do fato por outra pessoa. "Tudo caiu de bandeja nas nossas mãos, provas depoimentos, tudo necessário para abrir um inquérito. Será que o povo quer que o Ministério Público feche os olhos ou apure os fatos?", questiona.
A promotora disse ainda que a lista encontrada era parcial e continha 1.500 nomes. A relação completa teria mais de 2.500 nomes de eleitores. Várias testemunhas foram ouvidas e confirmaram a compra de votos, mas no outro dia mudaram sua versão. "Em um dia confirmam que houve compora de votos. No outro, são arrebanhadas pela vereadora Mariúva da Saúde (PMDB), vão a cartório e dizem que foram coagidos. Quem paga os ofícios é Mariúva. Será que existe Papai Noel?", dispara.
A promotora disse que pediu a cassação do registro de Pátio. Caso o processo venha a ser julgado após a diplomação e a Justiça defira o pedido do MPE, a tendência é que ocorra nova eleição em Rondonópolis. "Isso é o que pedimos, mas quem decidirá é o TRE", enfatiza Joana Ninis.

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