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Politica Brasil
Domingo - 12 de Outubro de 2008 às 14:46
Por: Kennedy Alencar

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva atendeu rapidamente aos pedidos de caciques do PMDB neste segundo turno das eleições municipais. Fez concessões agora para reforçar a chance futura de uma aliança PT-PMDB em favor do projeto presidencial de sua ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Lula agiu com um pragmatismo que incomodou caciques petistas. Na Bahia, por exemplo, ele não vai dar preferência ao candidato do PT, o deputado federal Walter Pinheiro, que enfrenta o peemedebista João Henrique, prefeito candidato à reeleição.

Salvador é um colégio eleitoral no qual Lula costuma ir muito bem. O governador do Estado, Jaques Wagner, é um dos melhores amigos do presidente. Mesmo assim, Lula prefere manter distância para não melindrar o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, dirigente do PMDB baiano que apóia João Henrique.

Ao determinar que ministros façam campanha em seus Estados de origem, Lula impede uma caravana a Salvador. Foi outra exigência de Geddel.

Discurso oficial: Lula só vai fazer campanha onde um candidato da base do governo enfrentar um candidato das forças oposicionistas. Essa decisão tirou Lula dos palanques em Porto Alegre e Belo Horizonte.

Outra concessão importante: Lula gravou mensagem de apoio ao candidato do PMDB à Prefeitura do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Foi uma surpresa para muitos petistas. O próprio presidente disse, reservadamente, que só gravou para não dar ao PMDB uma desculpa no futuro para rejeitar Dilma.

O hoje peemedebista Paes foi deputado federal do PSDB no escândalo do m ensalão, episódio no qual chamou Lula de "chefe de quadrilha" e atacou um dos filhos do presidente, questionando a lisura de seus negócios.

No Rio, Lula atendeu ao pedido do governador Sérgio Cabral, peemedebista cotado para ser vice de Dilma em 2010.

No Palácio do Planalto, diz-se que, atendido Cabral, Lula cumpriu um papel estratégico para Dilma. No governo, tem muita gente que torce pelo adversário de Paes, o deputado federal Fernando Gabeira (PV). Apoiado por PSDB e DEM, Gabeira é um crítico do PT e de Lula, mas não fez ataques pessoais como o adversário peemedebista. O próprio Lula não ficará triste se Paes perder para Gabeira.

Efeito Kassab

Nas conversas reservadas, Lula disse que Marta Suplicy, candidata do PT à Prefeitura de São Paulo, deverá perder novamente a eleição porque deixou de fazer aliança com o PMDB. Foi assim em 2004. Agora, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) amarrou o apoio peemedebista, o que lhe deu cerca de 40% do tempo no horário eleitoral gratuito paulistano. Isso permitiu que o prefeito vendesse suas realizações e jogasse Geraldo Alckmin (PSDB) para escanteio, tirando o favoritismo da candidata do PT, a ex-prefeita Marta Suplicy.

Kassab obteve o suporte do PMDB graças a um aval do governador de São Paulo, José Serra, presidenciável do PSDB que está na dianteira na disputa tucana pela candidatura ao Palácio do Planalto em 2010.

Lula não quer tomar esse susto com Dilma.

Na avaliação do presidente, o PMDB poderá dar à ministra da Casa Civil duas ajudas fundamentais: a ampla base municipal do partido e o grande tempo de TV.

Na campanha eleitoral de 2010, Lula poderá usar o maior tempo de propaganda política para vender realizações de seu governo e, assim, turbinar a campanha de Dilma.

Hoje, Lula já tem o apoio da maior parcela do PMDB. Deu ao partido cinco ministérios (Saúde, Def esa, Comunicações, Integração Nacional e Minas e Energia). O petista também atua para que PT e PMDB façam uma aliança nas próximas eleições para as presidências da Câmara e do Senado, em fevereiro próximo.

Lula apóia o presidente do PMDB, o deputado federal Michel Temer (SP), para comandar a Câmara. Em troca, costura o apoio peemedebista à eleição do petista Tião Viana (AC) no Senado.

Nas palavras de um ministro, Lula não quer perder a batalha pelo PMDB para Serra, presidenciável que sairá fortalecido destas eleições municipais se confirmar a recondução de Kassab em São Paulo.





Fonte: Folha Online

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