Sem mandato, Rabello tenta se sustentar como candidato a prefeito

O radialista Walter Rabello jogou sua penúltima ficha para tentar reaver o mandato de deputado estadual, cassado por decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) por causa de seu ato de infidelidade partidária. Jogou e perdeu! A decisão de segunda-feira do Tribunal Superior Eleitoral praticamente selaram as chances dele voltar ao Legislativo. Rabello ainda tentará mais um ato jurídico no TSE, mas agora é só por milagre. Sem o Legislativo, mesmo entando disputando a preferência dos eleitores, Rabello vai começar a enfrentar verdadeiramente dificuldades para sustentar sua candidatura.

Vítima de vários golpes políticos e eleitorais, Rabello hoje ocupa um espaço de programa de televisão numa emissora cuja audiência ainda é muito aquém da que tinha quando apresentava o programa “Olho Vivo na Cidade”, do TV Cidade Verde (SBT). Sem ter onde discursar, tenta a todo custo conseguir patrocinadores para realizar um projeto de “caravana popular” para freqüentar bairros nos finais de semana – o que pode lhe render uma ação por propaganda eleitoral extemporânea.

Aliás, uma caravana que teria muito pouco tempo de vida. Afinal, caso tenha seu nome oficializado na convenção do PP, até o final do mês, todos os seus atos públicos passariam a ser interpretados como campanha eleitoral. E, numa caravana desse estilo conhecido da população da periferia, enfrentaria mais problemas de ordem judicial, já que os ditos serviços estariam caracterizados como benesses aos eleitores. A rigor, os showmícios – aquela pirotecnia utilizada para atrair eleitores – estão proibidos pela Lei Eleitoral. Brindes, nem pensar.

Para complicar ainda mais, Rabello é hoje um dos grandes inimigos do Ministério Público Eleitoral. Comprou uma briga à toa. Quando era apresentador na TV Cidade Verde, ostentando a primeira colocação nas pesquisas eleitorais, soberano, absoluto e soberbo, não poupou críticas aos promotores que pediam o enquadramento do programa. Fez todo o tipo de proselitismo possível e deu no que deu: perdeu o emprego e agora, definitivamente, perde o mandato de deputado.

O tempo é o inimigo hoje de Walter Rabello. Amarrado pela legislação, vigiado com rigor pela Promotoria Eleitoral e sem estrutura financeira para bancar uma campanha mais longa, o deputado "cassado" terá um espaço significativo até tentar reaparecer ao grande público, na propaganda eleitoral, a partir de meados de agosto. Pode acabar esquecido no canto – tudo o que desejam hoje o prefeito Wilson Santos e também o próprio empresário Mauro Mendes.

Rabello caiu em desgraça quando decidiu trocar o PMDB pela qual foi eleito pelo PP, onde pretendia viabilizar seu projeto de chegar a prefeito de Cuiabá. Fez a troca de partido depois do “prazo de validade” da interpretação do TSE sobre a quem pertence o mandato. Na sua decisão agora, o ministro Marcelo Ribeiro, que havia suspensa a posse do suplente de Rabello até a publicação do acórdão da decisão pelo TRE, afirma que não houve justa causa para a mudança de partido. A defesa insiste que o político não tinha garantias de ser o candidato do PMDB.