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Agronegócios
Segunda - 12 de Maio de 2008 às 16:43

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O Brasil estará longe de poder suprir boa parte da crescente demanda global por soja na próxima safra, considerando que a região com maior potencial para aumento da área plantada, o Centro-Oeste, é também a que mais sofre com o aumento dos custos, especialmente dos fertilizantes, disseram analistas nesta segunda-feira.

Assim, o País com maior potencial para aumento do plantio no mundo, hoje o segundo exportador mundial de soja, vai desperdiçar a oportunidade de tirar maior proveito de preços internacionais em valores próximos de recordes, acrescentaram as fontes durante um seminário em São Paulo.

"É curioso. O custo logístico, a alta dos adubos, o endividamento e o câmbio produziram - no único País que tem grande potencial agrícola para expandir - uma situação que não permite ao agricultor crescer tanto em área", afirmou em entrevista Alexandre Mendonça de Barros, sócio da MB Agro.

As maiores despesas com a próxima safra, cujo plantio se inicia no segundo semestre, deverão reduzir a rentabilidade ao ponto de evitar um aumento mais expressivo na área plantada.

"Ficamos comemorando 300 mil hectares a mais de área, mas precisaríamos plantar 5 milhões de hectares a mais, 6,7 milhões, é isso que o mundo está pedindo para a gente, mas nós não vamos plantar", acrescentou ele.

O Brasil está colhendo uma safra recorde de grãos em 2007/08, com a soja atingindo quase 60 milhões de toneladas, mas o plantio da oleaginosa aumentou apenas cerca de 500 mil hectares nesta temporada.

"A gente tem que tomar cuidado com a euforia, tem gente falando em recordes, mas é um crescimento modesto pelo tamanho da demanda."

Mendonça de Barros prevê, diante da atual conjuntura, um crescimento de área de soja do país em 2008/09 de cerca de 1,5 milhão de hectares, ou 7 por cento ante 07/08. "Mas isso é muito pouco, resultaria em 3 a 4 milhões de toneladas de soja a mais, isso não corrige mercado."

Adubo subiu 70% em Mato Grosso

O Mato Grosso (Centro-Oeste), o maior produtor de soja do Brasil, é um bom exemplo de como os custos com adubos deverão limitar o crescimento da área plantada de soja, disse o diretor da Agroconsult, André Pessoa, durante o evento.

Segundo estudo da Agroconsult, o adubo, que representa cerca de metade do custo variável do produtor de soja em Mato Grosso, já subiu para US$ 464 por tonelada em 2008/09, contra US$ 290 na safra anterior.

Com esse preço, a margem de lucro por hectare em Mato Grosso vai cair de R$ 300 para R$ 268, avaliou Pessoa, considerando que a produtividade recorde de 53 sacas por hectare do Estado em 07/08 se repita em 08/09.

"Dessa forma, se crescer a área, será pouco", disse o consultor.

Os preços de adubo subiram juntamente com os preços das commodities agrícolas, influenciados por maior procura para aumento de áreas de cultivo e por uma capacidade de produção mineral inferior à demanda.

Muitas das matérias-primas utilizadas na produção de fertilizantes tiveram altas expresivas. Um bom exemplo é o enxofre, que era cotado em cerca de US$ 50 há pouco tempo, incluindo o frete de importação, e agora vale US$ 700 por tonelada.

O Brasil sente mais essa alta internacional porque importa a maior parte de suas necessidades. Os analistas avaliam que a oferta de fertilizantes só crescerá com os novos investimentos para equilibrar o mercado em um prazo de três anos.

Presente no seminário, o ministro da Agricultura, Reinhold Sthepanes, concordou que "só poderemos encontrar solução no médio e longo prazo".





Fonte: Redação Terra

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