Desmate ocorreu em 39% das áreas em MT, diz Inpe

A reavaliação pelo Inpe de 353 pontos elencados pelo Sistema de Detecção em Tempo Real (Deter) como desmatados em Mato Grosso, mostra que houve corte raso (conceito utilizado oficialmente para computar anualmente a taxa de desmatamento) em apenas 39,4% (139) das áreas, ou seja, não ocorreu o desmatamento na proporção do que foi divulgado no início do ano.

O procedimento de reanálise demonstrou ainda que houve o desmatamento por degradação progressiva (quando área perde características naturais aos poucos) em 202 pontos e aponta também que em 12 não existe desmatamento. Esses são os resultados da primeira análise feita pelo Instituto ao relatório da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) ao relatório contendo informações sobre vistorias in loco em 662 pontos elencados como desmatamento pelo Deter. Nesse documento a secretaria apontava os dados coletados durante vistoria no local e a conclusão foi de que apenas 10,12% dos dados do Deter estavam corretos.

O corte raso é o critério utilizado pelo Prodes (Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia), sistema oficial que é utilizado para computar anualmente a taxa de desmatamento. Nas fiscalizações, foram feitas duas fotos de cada ponto. Ao todo o relatório possuía 852 fotos em campo.

Os dados levantados pela Sema apontam que 395 pontos são áreas onde houve desmatamento antigo; 116 pontos correspondem a áreas sem indícios de desmatamento; 84 são áreas com ocorrência de incêndio e somente são áreas realmente abertas recentemente. O relatório aponta ainda que grande parte dos pontos elencados pelo Inpe apresentam vestígios de queimada o que reforça a tese de íntima ligação entre a estiagem, as queimadas e os incêndios florestais como fator limitante para a detecção de desmatamentos. Tal informação invalida a possibilidade de usar os dados para cálculo de área, como também invalida a tese de aumento na taxa. Com esta primeira posição de revisão dos dados pelo Inpe, se a mesma porcentagem dada por eles para os meses de outubro a dezembro for considerada para os outros meses, Mato Grosso estaria agora com 1.412,74 quilômetros quadrados de desmatamento.