Avanço de Wallace pode colocar Júlio contra Jaime Campos
“Júlio vai ter que trabalhar muito se quiser reverter a situação. Hoje, ele perderia dentro do Diretório” – admitiu uma alta fonte ligada aos democratas, com amplos conhecimentos sobre o intrincado processo político de Várzea Grande. O próprio Jaime admitiu isso a interlocutores. Ou seja, o sonho de Júlio terminar a vida pública como prefeito de cidade, pode se tornar em um “retumbante” fracasso. Com o aval do senador Jaime, que nunca escondeu seu descontentamento com a aposentadoria do irmão.
Além de Wallace e Júlio, o DEM tem mais dois candidatos: o atual secretário de Saúde, Arilson Arruda; e o empresário Wilson da Grafitte. Júlio conversou com os três eventuais adversários e não conseguiu o que queria, ou seja, que alguém abrisse mão da disputa para apoiá-lo. A direção partidária estuda a realização de prévias para definir o melhor nome. Uma derrota pode mostrar que Jaime, de fato, manda mais que Júlio.
Essa, no entanto, é apenas o primeiro passo de uma guerra entre irmãos. Júlio nunca escondeu de ninguém que deseja ser candidato pelo DEM. Mas, também, pode acabar entrando no Partido da República, o PR, do governador Blairo Maggi. Com um Murilo Domingos desgastado e apto para perder a eleição para adversários até mais modestos, Júlio não enfrentaria grandes problemas para “emplacar” sua candidatura e, ao mesmo tempo, entrar numa disputa visceral pelo comando de Várzea Grande. Em suma, Jaime e Júlio estariam em lados opostos na eleição.
Há quem acredita que a questão seja de vaidade política. Com o falecimento do patriarca Júlio Domingos de Campos, o “seo” Fiote, o ex-conselheiro do TCE passaria a ser, pela ascendência natural, o chefe do clã político. Contudo, não é bem isso que se seguiu. Sem mandato eletivo e há muitos anos afastados das urnas – a última aconteceu em 98, quando perdeu para Dante de Oliveira a eleição ao Governo do Estado – Júlio definhou. Ao contrário do irmão que, depois de prefeito duas vezes da cidade, sendo uma com reeleição, foi eleito senador da República.
Jaime Campos, em verdade, nunca explicou porque queria tanto que Júlio se mantivesse como conselheiro do TCE – que, noutros tempos, era visto como uma espécie de “cemitério político”. Criticou entre correligionários o fato de o irmão estar cedendo ao “canto da sereia” lançado pelo Palácio Paiaguás, com a finalidade de “fazer”, efetivamente, seu primeiro conselheiro, no caso, o então secretário de Fazenda, Waldir Júlio Teis. Enfrentando problemas pessoais, Júlio se aposentou. Com a garantia de que se não conseguisse o apoio no DEM, as portas do PR estariam escancaradas. Na atual conjuntura, é provável que o irmão de Jaime Campos faça uso dessa porta.

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