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Nacional
Quarta - 19 de Dezembro de 2007 às 20:41

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MACEIÓ - Trabalhadores rurais sem-terra, acampados desde terça-feira na sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Maceió, participaram nesta quarta-feira, 19, pela manhã uma missa de ação de graça e deram início a um jejum coletivo, em solidariedade ao bispo da Barra (BA), dom Luis Cappio, que encerrou a greve de fome em protesto contra a transposição do rio São Francisco após 23 dias, segundo médicos.

O protesto é organizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), que integra as entidades dos movimentos sociais que lutam pela reforma agrária em Alagoas. Ao todo, cerca 150 trabalhadores rurais - incluindo mulheres e crianças - participaram da manifestação e estão dispostos a continuar ocupando a sede do Ibama até que o governo federal suspenda em definitivo as obras de transposição do São Francisco.

"Estamos nessa luta em defesa das comunidades ribeirinhas, que dependem do rio para sobreviver e estão contra o projeto da transposição, que só atende aos interesses das empreiteiras, dos latifundiários e dos grandes produtores rurais", afirmou Carlos Lima, coordenador da CPT em Alagoas. Segundo ele, alguns trabalhadores iniciaram um jejum em solidariedade à causa de dom Luiz Cappio.

"Fazemos o jejum para conseguirmos uma intervenção divina, já que praticamente perdemos a esperança na justiça dos homens", justificou Lima, acrescentando que o Ibama foi invadido porque foi o órgão responsável pela liberação da licença ambiental para o início das obras. "Ou as máquinas param de vez e o projeto de transposição é suspenso ou vamos parar outras repartições do governo federal", alertou.

Segundo o coordenador da CPT em Alagoas, o jejum de dom Luiz Cappio já provocou a intervenção do Vaticano, que ordenou a suspensão, e da Presidência da República. Das oito reivindicações contidas na contraproposta do bispo de Barra, enviadas ontem ao Palácio do Planalto, só não houve consenso nas duas primeiras que exigem a manutenção da suspensão das obras de transposição e a construção de uma "adução de 9m3/s de água para as áreas de maior déficit hídrico dos Estados de Pernambuco e da Paraíba, redimensionando o projeto atual de 28m3/s".

Uma nova proposta - feita pelo governo - sugere ainda a suspensão das obras pelo prazo de 60 dias e a realização, nesse período, de debate público sobre o projeto do governo e as alternativas apresentadas pelo Atlas Nordeste, elaborado pela Agência Nacional de Águas. Esta proposta será levada ao presidente Lula e a dom Luiz Cappio por seus respectivos representantes. Uma nova reunião está para ser realizada, no mais tardar até quinta-feira, na tentativa de um acordo que ponha fim a greve de fome do religioso.




Fonte: Estado de S.Paulo

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