Repórter News - www.reporternews.com.br
Nacional
Segunda - 17 de Dezembro de 2007 às 20:09

    Imprimir


O Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) pediu ao secretário da Segurança Pública de São Paulo, Ronaldo Marzagão, nesta segunda-feira (17), a instauração de inquérito policial na Delegacia Geral de Polícia para investigar a morte do lutador Ryan Gracie, encontrado morto na carceragem do 91º Distrito Policial no sábado (15).

O lutador foi preso em flagrante na sexta-feira (14) suspeito de roubar um carro e tentar roubar outro veículo e uma moto. As vítimas relataram à polícia que ele estava armado com uma faca de cozinha. Para evitar o roubo, o motoboy contou ter batido com o capacete na cabeça do lutador, que caiu no chão. Em seguida, ele foi rendido por outros motoqueiros.

O Condepe informou também ter encaminhado ofícios à Corregedoria do Departamento de Inquéritos Policiais (Dipo) do Tribunal de Justiça, ao Ministério Público do Estado e à Ouvidoria de Polícia para pedir aos órgãos que apurem a conduta dos policiais do 15º DP, onde foi feito o flagrante de Gracie, do 91º DP e do Instituto Médico Legal (IML) com relação ao não encaminhamento do preso para um hospital público.

Além dos ofícios, o Conselho pediu que seja esclarecido porque a a polícia permitiu o acesso de um médico particular ao preso, em vez de encaminhá-lo a uma unidade pública de saúde.

Processo

O advogado da família Gracie, Rodrigo Souto, afirmou nesta segunda-feira que os parentes do lutador só tomarão qualquer atitude após saber o resultado do laudo que vai apontar a causa da morte dele. O documento será feito pelo Instituto Médico-Legal e deve ficar pronto em um mês. "Vamos avaliar se houve responsabilidade do médico ou do estado na morte de Ryan. Só sei que ele entrou na delegacia vivo e saiu morto", afirmou o advogado, que vai checar se pelos procedimentos do estado não seria necessário um médico do sistema público para avaliar o lutador, além de seu psiquiatra particular.

De acordo com o advogado, Ryan estava aparentemente bem até 2h quando foi levado ao IML para fazer exame de corpo delito. O lutador havia comido um lanche e tomado suco entre 22h e 22h30, segundo o advogado, e não apresentava marcas que indicassem agressões dentro da delegacia.

Capacetada

O advogado disse ainda descartar que a causa da morte do lutador tivesse alguma relação com o golpe na cabeça que recebeu com um capacete. A pancada foi uma reação do motoboy cuja moto Ryan tentou roubar. "Ele só tinha um pequeno corte no supercílio e estava acostumado [a pancadas] porque era um lutador. Pelo o que eu soube, os motoqueiros só o imobilizaram", afirmou Souto.

O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) abriu sindicância para analisar se houve falha na conduta do médico no tratamento do lutador. O profissional pode mandar ao conselho uma defesa por escrito ou comparecer pessoalmente para ser ouvido. A conclusão da sindicância pode demorar até seis meses, segundo o Cremesp, dependendo da quantidade de documentos necessários.

Caso haja suspeitas de falha na conduta, será aberto processo contra o psiquiatra. Em caso de condenação, a pena pode variar de suspensão a cassação da licença para exercer a medicina.

Procedimento médico

De sua clínica em Atibaia, na Grande São Paulo, no domingo (16), Sabino Ferreira de Faria falou por telefone à reportagem do G1 e afirmou ter "plena convicção" de ter feito o melhor que pôde no caso de Gracie.

O médico disse entender, como psiquiatra, a postura da irmã do atleta diante do sofrimento da família. “Acho que quem vai poder responder esse assunto de maneira fidedigna são os profissionais competentes do IML da USP, após os devidos procedimentos”, afirmou.

O psiquiatra nega ter dado medicação excessiva para Gracie. “Alguns médicos disseram até que eu dei remédio 'de passarinho' para um homem de 110 kg", disse.

Sabino disse que nos 31 anos de profissão lidando com dependentes de droga, presenciou apenas dois casos de óbito, incluindo o do lutador. “Gostaria de não ter tido nenhum”, disse. Ele contou que a irmã do atleta presenciou todo o procedimento feito depois da prisão de Ryan.

O médico disse ter ficado na delegacia até o início da manhã de sábado (15). Ele afirma ter saído do 91º Distrito Policial e chegado em Atibaia por volta da 7h40, quando recebeu a ligação do delegado informando da morte de Ryan.




Fonte: G1

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/193902/visualizar/