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Nacional
Domingo - 16 de Dezembro de 2007 às 17:12
Por: Patrícia Araújo

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Flávia Gracie, irmã do lutador Ryan Gracie, que foi encontrado morto neste sábado (15) em uma delegacia de São Paulo, reclamou durante o velório de Ryan do excesso de remédios prescritos ao lutador de jiu-jítsu. O corpo do lutador foi enterrado neste domingo, pouco depois das 16h, no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.

Segundo Flávia, o médico Sabino Ferreira de Faria foi chamado pela família para fornecer um laudo de que Ryan estava doente e que, por isso, deveria ser encaminhado para um hospital, em vez de ficar na delegacia. "Ele deveria ter visto o que ele tinha tomado antes de encher ele de remédios, tudo em triplo. Perguntei: isso não pode matar ele?", disse ela.

Segundo a irmã do lutador, o médico disse que doparia Ryan para ele "não desse problemas" e garantiu que ele teria resistência para tomar os remédios.

Flávia contou ainda que, ao chegar a delegacia, depois de tomar os remédios, o irmão já não conseguia mais andar. No dia seguinte, ao saber da morte de Ryan, o médico teria ligado para pedir desculpas. "A polícia também errou ao levá-lo para a delegacia", disse.

Ryan deixou um filho de 6 anos, Rayron, que mora no Rio com a mãe, Elaine. Segundo Flávia, ao ouvir da mãe que o pai estava doente, o menino perguntou se ele também ia "virar uma estrela". "Um filho ficou sem pai, a gente ficou sem o irmão que a gente ama", disse Flávia.

A família sabia do problema de Ryan com as drogas e lutava para que ele deixasse o vício. O lutador tinha oito irmãs e três irmãos. "É um drama porque meu irmão realmente tinha problemas com drogas. Várias famílias passam por esse tipo de problema. Ele não estava roubando nada, achou que estava sendo perseguido."

O bicampeão mundial de jiu-jítsu Amaury Beletti disse que chegou a conversar com Ryan sobre seu envolvimento com as drogas. "Ele dizia que ia tentar largar, mas não conseguia", contou Beletti.

Procedimento médico

De sua clínica em Atibaia, na Grande São Paulo, Sabino Ferreira de Faria falou por telefone à reportagem do G1 e afirmou ter "plena convicção" de ter feito o melhor que pôde no caso de Gracie.

O médico disse entender, como psiquiatra, a postura da irmã do atleta diante do sofrimento que ela e a família vivem neste momento. “Acho que quem vai poder responder esse assunto de maneira fidedigna são os profissionais competentes do IML da USP, após os devidos procedimentos”, afirmou.

O psiquiatra nega ter dado medicação excessiva para Gracie. “Alguns médicos disseram até que eu dei remédio 'de passarinho' para um homem de 110 kg", disse.

Sabino disse que nos 31 anos de profissão lidando com dependentes de droga, presenciou apenas dois casos de óbito, incluindo o do lutador. “Gostaria de não ter tido nenhum”, disse. Ele contou que a irmã do atleta presenciou todo o procedimento feito depois da prisão de Ryan.

O médico disse ter ficado na delegacia até o início da manhã de sábado (15). Ele afirma ter saído do 91º Distrito Policial e chegado em Atibaia por volta da 7h40, quando recebeu a ligação do delegado informando da morte de Ryan.

Enterro

O corpo do lutador Ryan Gracie foi sepultado neste domingo sob aplausos e com a presença de 200 pessoas, entre amigos e parentes. Um dos mais emocionados era o pai do atleta, Robson Gracie, que fez vários elogios ao filho. O enterro foi encerrado com palmas e gritos de “mestre”. Ele foi sepultado com quimono e faixa preta.




Fonte: G1

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