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Internacional
Domingo - 04 de Novembro de 2007 às 23:19

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LAHORE - Cerca de 500 ativistas da oposição do Paquistão foram detidos pelo regime do general Pervez Musharraf no primeiro dia após a declaração, na noite de sábado, do Estado de exceção no país, uma medida que vigorará "o tempo necessário", segundo o primeiro-ministro, Shaukat Aziz.

As forças de segurança realizaram uma onda de detenções em massa de líderes da oposição, ativistas e outras figuras políticas nas principais cidades do país, em virtude das medidas extraordinárias decretadas por Musharraf.

"Houve entre 400 e 500 detenções preventivas no país", confirmou Aziz em entrevista coletiva, na qual afirmou que o Executivo está comprometido com "uma forma de Governo parlamentar".

Entre os detidos estão o presidente interino da Liga Muçulmana do Paquistão, Javed Hashmi; o presidente da Associação de Magistrados do Supremo, e a ativista pró-direitos humanos Asma Jahangir, presidente da Comissão de Direitos Humanos do Paquistão, segundo o site da emissora Geo TV.

Também está preso em regime domiciliar o ex-jogador de críquete Imran Khan, que atualmente dirige o partido de oposição Tehreek-e-Insaf, apesar de fontes próximas à legenda indicarem que ele conseguiu burlar a vigilância policial e deixar sua casa.

Na lista de detidos está ainda o ex-chefe dos serviços secretos paquistaneses (ISI) durante o primeiro governo da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto (1988-1990), Hamid Gül, conhecido pelas polêmicas declarações extremistas e suas duras críticas à política dos Estados Unidos.

Segundo a Geo TV, Gül foi detido durante um ato público no qual denunciou que o atual Estado não é o de exceção - como afirma o presidente paquistanês, Pervez Musharraf - mas de "lei marcial", antes de ser levado à força em uma viatura policial.

O primeiro-ministro disse que o Estado de exceção foi imposto devido aos "muitos desafios" que o Paquistão deve enfrentar.

Também disse que, diante da ordem atual, o Parlamento pode adiar as eleições gerais "em até um ano", mas afirmou que o Governo ainda não tomou uma decisão.

"Ainda estamos deliberando. No Estado de exceção, o Parlamento pode dar a si mesmo até um ano", disse Aziz, em referência a uma cláusula legal que permite ampliar a legislatura por até 12 meses em situações excepcionais.

A atual legislatura teoricamente termina em 15 de novembro e, a princípio, as eleições gerais deveriam ser realizadas no começo do próximo ano.

Desde a declaração do Estado de exceção, a transmissão dos canais privados de televisão do Paquistão está interrompida, o que tornou os sites das emissoras e os jornais nas únicas fontes independentes de informação no país.

Além disso, foi estabelecido um código de conduta que proíbe a publicação de informações que "difamem, ridicularizem ou atinjam a reputação" do chefe do Estado, dos membros das Forças Armadas ou das instituições. Apesar das medidas, as principais cidades do Paquistão apresentavam hoje um aspecto de relativa normalidade, com o comércio aberto e os transportes funcionando.

Em Islamabad, no entanto, era possível ver uma forte presença policial em vários pontos-chave da cidade, como as imediações do Parlamento e da sede do Tribunal Supremo, cujo acesso foi bloqueado na noite de sábado.

A declaração do Estado de exceção foi duramente criticada pela imprensa, que a qualificou de "violenta" e de um "segundo golpe" de Musharraf - após o de 1999, que o levou ao poder -, assim como pelos diferentes partidos da oposição.

A ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, que no sábado voltou às pressas de Dubai para Karachi, após saber do Estado de exceção, também criticou a decisão de Musharraf e a considerou na prática uma "mini lei marcial".

Musharraf declarou o Estado de exceção alegando o aumento da violência extremista e a interferência do Poder Judiciário na política do governo, mas a oposição acredita que ele tenha tomado a decisão para evitar um veredicto do Supremo que poderia invalidar sua recente reeleição como presidente.




Fonte: EFE

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