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Internacional
Segunda - 29 de Outubro de 2007 às 17:25

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A primeira-dama Cristina Kirchner, uma senadora peronista socialdemocrata, tornou-se na madrugada desta segunda-feira a primeira presidente da Argentina eleita nas urnas e sucederá ao marido, Néstor Kirchner, como chefe de Estado para tentar manter o forte crescimento econômico do país.

"Quero convocar todos sem rancores, sem ódios. Nós merecemos um país melhor", disse para centenas de simpatizantes a vencedora, uma advogada de 54 anos, de caráter temperamental e chamada por muitos de "Hillary Clinton argentina".

No último boletim do Ministério do Interior, Cristina Fernández de Kirchner tinha 44,8% dos votos contra 22,9% da liberal-cristã Elisa Carrió, após a apuração de 96,4% das urnas em todo o país. Esse percentual confirmou os resultados das pesquisas de boca-de-urna, que apontavam uma vitória tranqüila da primeira-dama.

O chefe de Gabinete de Kirchner, Alberto Fernández, descartou hoje que a presidente eleita vá governar o país junto com o marido.

"Quem conhece o casal, sabe que, embora conversem sobre tudo, conhecem perfeitamente o papel que cada um tem de ter", frisou o chefe dos ministros.

Carrió, uma advogada de 50 anos e candidata da Coalizão Cívica, uma aliança de liberais e socialistas, admitiu a derrota e garantiu que vai liderar a oposição. Em entrevista coletiva nesta segunda, Carrió rejeitou qualquer aproximação com o novo governo, que tomará posse em 10 de dezembro.

"Nós a felicitamos e reconhecemos sua vitória", disse Carrió, ressaltando que a Coalizão Cívica se tornou claramente a segunda força política do país.

"Constituímos a principal força opositora e alternativa ao governo para (as eleições de) 2011", acrescentou.

Para ser eleito no primeiro turno na Argentina, um candidato precisa superar 45% dos votos, ou pelo menos 40%, desde que com vantagem de 10 pontos sobre o segundo.

O governo conseguiu ainda vantagem na Câmara dos Deputados, onde se renovou metade dos parlamentares, e manteve a maioria absoluta no Senado. Também conquistou os oito governos provinciais em disputa sobre um total de 24 distritos no país.

"Quero agradecer a Julio Cobos (vice-presidente eleito) e à Concertación Plural, espaço que conseguimos construir superando velhas divergências", disse Cristina Kirchner, referindo-se à aliança do peronismo governamental com os socialdemocratas dissidentes da União Cívica Radical (UCR).

Uma das chaves da vitória foi o grande número de votos na província de Buenos Aires, o maior distrito do país e que concentra quase 40% dos 27 milhões de cidadãos, onde foi eleito como governador Daniel Scioli, atual vice-presidente.

Um ambiente de comemoração foi registrado no comitê de campanha da Frente para a Vitória, aos gritos de "mulheres no poder" e críticas aos "gorilas", entre outros.

Na Argentina, são chamados de "gorilas" os antiperonistas e membros das classes média e alta que desconfiam dos setores populares de baixa renda.

Cristina de Kirchner capitalizou os resultados econômicos dos últimos quatro anos, depois que ficou para trás o pior da crise de 2001 e 2002, com um governo de perfil industrialista, taxas de câmbio altas para as exportações e um aumento de 9% anual do Produto Interno Bruto (PIB). O futuro governo deverá enfrentar, porém, uma elevada inflação real de 15% a 20% e queda dos investimentos.

Os jornalistas da AFP que percorreram os locais de votação no domingo constataram um clima de apatia e desinteresse político.

Cristina Kirchner construiu seu projeto de poder dentro do populista peronismo, mas com um forte giro para a socialdemocracia.

Entre os desafios do novo governo, que assumirá o poder em 10 de dezembro, está o de manter o difícil equilíbrio entre a aliança estratégica com a Venezuela de Hugo Chávez e uma melhora na relação com os Estados Unidos, como prometeu a senadora.





Fonte: AFP

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