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Politica Brasil
Terça - 23 de Outubro de 2007 às 14:12
Por: Lourembergue Alves

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“Lula da Silva é o melhor presidente deste país, comprovado por dados incontestáveis, que comprovam o maior aumento real do salário mínimo e a maior distribuição de renda e um programa social ímpar na história deste país”. Afirmação clara e bastante incisiva, encaminhada a esta coluna, via e-mail. Importante e necessária em quaisquer grupos de discussão. Não se pode perder a oportunidade. Certamente por isso, ela é colocada como tema deste artigo, com a intenção de convidar um número maior de pessoas para o referido debate, e este, pelo seu turno, não é outro senão uma das formas de diálogos possíveis, imprescindíveis evidentemente para a democracia.

Afinal de contas, é preciso dizer, o viver democrático se dá em ambiente onde predominam a liberdade, a reflexão e a interlocução. Distinto, portanto, daquele em que se prevalece à imposição de verdades e contrário à veiculação de opiniões variadas.

Isso posto, cabe retomar a afirmação inicial deste texto, até para impedir que se tome a direção oposta da temática proposta, cuja leitura cuidadosa é algo necessário, assim como igualmente o é a sua análise. Impõe-se, então, o pensar a respeito da avaliação de uma dada administração pública. Tarefa um tanto difícil, pois se tem à frente setores complexos, a exemplo da saúde. Razão pela qual não se pode, nem deve privilegiar apenas um ou dois dos ditos aspectos de qualquer gestão, tais como “aumento real do salário mínimo e um programa social”, e mesmo que apenas esta possibilidade fosse possível, ainda assim seria discutível ao se fazer alusão a um suposto “aumento real” de alguma coisa que sempre será “mínima” e, nessa condição, jamais permitirá ao brasileiro pobre suprir toda a sua necessidade básica, mesmo que este tenha como contrapeso uma ajuda governamental, e, por conta disso, infelizmente, dificilmente saíra da sua condição de não excluído.

É esse Brasil que não se encaixa no outro Brasil, acostumado com a fartura, desnudando, desse modo, a desigualdade reinante. O que acelera o estado de injustiça, agravado com a impunidade cotidiana, materializada, por exemplo, na não cassação do mandato do senador Renan Calheiros, que contou com a ajuda preciosa do governo Lula da Silva. Certamente porque o presidente da República devia favores ao presidente do Senado. Estabelece, assim, a moeda de troca no mercado político de negócios. Procedimento adotado igualmente na compra de aliados congressistas via mensalão, cujo montante saia dos cofres de estatais, paraestatais e dos fundos de pensão, porém em forma de empréstimos fajutos de bancos particulares.

Diferentemente do dinheiro destinado para bancar os apoios para a aprovação da CPMF. Talvez, por isso, registram tantas liberações de recursos para as emendas parlamentares.

Quadro, sem dúvida alguma, comprometedor. Ainda mais quando se sabe que nenhum outro governo teve tantos ministros envolvidos em denúncias, a contar da ex-governadora do Rio de Janeiro que se valeu do dinheiro público para participar, na Argentina, de um encontro religioso. A parir daí, a lista cresceu e ganhou envergadura com a inclusão do ex-chefe da Casa Civil e, agora, recentemente, registra o do ministro Walfrido dos Mares Guia. O curioso de tudo é que o presidente Lula da Silva “nada vê”, “não sabe” e ainda se diz “sentir traído”. Este não é uma espécie de crime contra o patrimônio público? Nem omissão?

Estes são dados que não devem ser ignorados quando se debruça a avaliar uma dada administração pública. Não são os únicos, evidentemente. Mas, sem dúvida, são relevantes tanto quanto o Bolsa Família. É preciso não se esquecer desse detalhe. O que, certamente, deixa em xeque, senão em questionamento a afirmativa de que o senhor Lula da Silva “é o melhor presidente do país”. Com a palavra o leitor ou leitora.

Lourembergue Alves é professor da UNIC, articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: lou.alves@uol.com.br.





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