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Nacional
Sexta - 19 de Outubro de 2007 às 23:02

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Um dos jovens que aparecem sendo pichados e humilhados em imagens gravadas pelo celular de um vigia suspeito da morte de um estudante de 19 anos em Curitiba disse ao G1, nesta sexta-feira (19), que foi torturado.

O programador de sites e universitário Leonardo - que prefere manter o sobrenome sob sigilo -, afirmou que foi torturado por vigias da mesma empresa de segurança suspeitos de matar o estudante Bruno Coelho. Leonardo é filho de um investigador da Polícia Civil do Paraná.

O rapaz disse que foi com um amigo a um barracão abandonado para fazer grafites. A dupla foi abordada por dois vigias armados e levada para outro lugar, segundo ele. “Quando chegamos, eles [os vigias que fizeram a abordagem inicial] ligaram para outros dois, que chegaram descaracterizados e já vieram batendo. Bateram na cabeça, perguntaram o que a gente estava fazendo ali.”

De acordo com o estudante, os homens que fizeram a abordagem estavam armados e uniformizados. Já os que chegaram depois não portavam armas e se revezavam nas gravações. “Enquanto um batia, o outro filmava com o celular. Depois pintaram a gente com nossa própria tinta (tipo látex), mandaram jogar a camisa no chão e tirar a calça.”

O grafiteiro disse que ele e o amigo foram obrigados a abrir as pernas apoiados na parede, mas não sofreram abuso sexual. "Mandaram a gente abrir as nádegas." Ele contou ainda que os dois apanharam com cassetetes. "A gente caiu no chão, pedindo pelo amor de Deus para eles pararem. Depois ainda ameaçaram, caso alguém ficasse sabendo, e mandaram a gente sair correndo."

O estudante disse que ele e o amigo só conseguiram vestir as calças antes de escapar. “Tivemos de ir embora daquele jeito mesmo. Fui com meu amigo para a casa dele, tomei um banho e ainda fui trabalhar porque a gente não queria que ninguém descobrisse. Meu amigo mora perto dali e ficamos com medo.”

Reconhecimento

Ele contou que a mãe o reconheceu nas imagens divulgadas após a morte do estudante Bruno Coelho.

“Minha mãe me ligou no trabalho ontem [quinta-feira] desesperada. Quando cheguei em casa ela me perguntou o que tinha acontecido e eu contei. Agora vamos processar a empresa. As pessoas precisam ir atrás dos seus direitos. Não é possível que um muro valha mais que uma vida”, afirmou Leonardo.

O estudante disse que pinta há sete anos e tem o trabalho de grafiteiro respeitado. “Moro em Curitiba, mas sou respeitado em lugares como Porto Alegre e São Paulo também. Não fiz nada para prejudicar ninguém, tanto que fui a um lugar abandonado. Sou uma pessoa tranqüila.”

Estudante morto

Bruno Coelho desapareceu no dia 3 de outubro e o corpo o foi encontrado uma semana depois. Na quarta-feira (17), três vigias da empresa Centronic Segurança e Vigilância confessaram, segundo a polícia, ter agredido o jovem quando ele pichava um muro.

De acordo com a polícia, em depoimento, os três disseram que pegaram Coelho quando ele pichava um muro. Ainda de acordo com a polícia, os vigias disseram que o garoto foi levado para a sede da companhia, onde teria sido torturado por seis pessoas. Em seguida, o rapaz foi deixado em um matagal em Almirante Tamandaré, onde foi morto com dois tiros na cabeça.

Em nota divulgada na quinta-feira (18), a Centronic negou que seja orientação da empresa agredir pichadores. “É nossa política prestar serviços de segurança e vigilância com respeito às leis e à vida humana. A empresa está disposta a apurar as denúncias que identifiquem os profissionais responsáveis por ordenar eventuais atos de violência contrários à nossa política.”

A empresa informou ainda que, se forem identificados, os profissionais serão investigados. Se for constatado o crime, serão responsabilizados na forma da lei.




Fonte: G1

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URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/202248/visualizar/