Repórter News - www.reporternews.com.br
Polícia Brasil
Sábado - 22 de Setembro de 2007 às 05:05
Por: Celso Bejarano Jr.

    Imprimir


O ex-soldado da Polícia Militar mato-grossense Célio Alves, 41, foi condenado na noite desta sexta-feira a 30 anos e 45 dias de prisão, por ser considerado pelos jurados um dos matadores de dois dos três rapazes que teriam roubado uma banca do jogo do bicho, em maio de 2001, em Cuiabá. Alves teria assassinado as vítimas a mando de João Arcanjo Ribeiro, que comandava a contravenção.

Essa sentença somada a outras já aplicadas contra Alves, também por homicídio, eleva para 82 anos a condenação do ex-militar que, para o Ministério Público Estadual, comandava até outubro de 2002, quando fora capturado, um grupo de extermínio.

O advogado que defendeu Célio, Valdir Caldas, disse que não vai recorrer por considerar o resultado justo. Quatro jurados votaram pela condenação do ex-militar e três optaram pela absolvição.

O julgamento de Célio Alves ocorreu no fórum de Várzea Grande; começou por volta das 9 horas da manhã e a sentença fora lida pela juíza Maria Erotides Kneip, às 22h20.

A condenação do ex-soldado é um indicador negativo para João Arcanjo, preso desde 2003, acusado de chefiar o crime organizado em Mato Grosso. Arcanjo deve sentar no banco dos réus por esses crimes.

DESMENTIDO

Durante o julgamento, uma testemunha de defesa de Célio por pouco não recebeu voz de prisão da juíza. É que ele tentou mentir durante a audiência. Getúlio Leoni era empregado do jogo do bicho e sua função era a de arrecadador das apostas. Ele disse que não havia sido roubado.

Já uma outra testemunha, a dona da banca do jogo, disse o contrário. Getúlio quis desqualificar a denúncia de que os rapazes tinham sido mortos por ter supostamente roubado a banca. Com o risco de ser preso, Getúlio resolveu contar a verdade. Disse em frente ao corpo de jurados que havia mentido e que fora roubado. Ele apanhava o dinheiro do jogo na banca quando ocorrera o assalto.

O depoimento do ex-empregado do jogo do bicho pode ser usado no julgamento de João Arcanjo. O argumento dele pode reforçar a tese de que os rapazes foram assassinados simplesmente por roubar o jogo de Arcanjo.

O CASO

Denúncia produzida pelo Ministério Público Estadual indica que Célio Alves é um dos assassinos que matou Leandro dos Santos, Celso Borges e Mauro César Ventura de Moraes.

Os rapazes, que tinham entre 20 e 22 anos na época do crime, maio de 2001, teriam sido mortos por roubarem R$ 500 de uma banca do jogo do bicho montada na Avenida dos Trabalhadores, em Cuiabá.

O ex-cabo da PM, Hércules Araújo, pistoleiro confesso e um dos comparsas de Célio Alves, foi o primeiro a dizer que as vítimas tinham sido mortas por determinação de João Arcanjo.

Hércules sustentou num dos depoimentos que o ex-sargento da PM, José Jesus de Freitas, amigo e ex-cobrador das empresas de factoring Arcanjo, foi quem intermediou os crimes.

O ex-cabo disse ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), setor do MPE, que Arcanjo teria prometido R$ 15 mil pelos assassinatos.

Na noite de 15 maio de 2001, Hércules e Célio foram à banca que teria sido assaltada. Lá, o filho da cambista do jogo teria apontado Celso Borges e Leandro dos Santos como os supostos ladrões. Os dois pistoleiros algemaram os rapazes.

Logo depois, o filho da cambista apontou Mauro César como o terceiro rapaz que teria roubado a banca. Os três foram forçados a entrar em um Fiat, carro de Hércules, e levados até um matagal três quilômetros distantes do bairro São Matheus, em Várzea Grande.

As vítimas foram mortas a tiros e enterradas em uma cova no matagal. Os corpos foram achados um mês depois. Hércules narrou ao Gaeco que Arcanjo não pagou os R$ 15 mil por achar que "um dos rapazes teria sido morto por engano".

OUTRA VERSÃO

Hércules mudou essa versão tempos depois e inocentou quem havia denunciado antes. Ele já foi condenado pelos três assassinados. Pegou 36 anos pelos crimes. Já Célio Alves foi considerado culpado por duas mortes. Um dos rapazes, o que seria inocente, tentou escapar enquanto os dois outros eram executados com tiros na cabeça. Hércules disse em depoimento que ele resolvera matar a terceira vítima.

Além de Célio Alves e Hércules Araújo, foi denunciado pela chacina o ex-cobrador de dívidas João Leite. Num primeiro depoimento, Hércules o incriminou. Mudou de idéia depois. Isso ajudou Leite, que fora considerado inocente.

Célio e Hércules cumprem pena no presídio federal em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul.





Fonte: MidiaNews

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/206244/visualizar/