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Internacional
Terça - 18 de Setembro de 2007 às 20:48

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Washington, 18 set (EFE).- A metade das sete mil línguas faladas no mundo pode desaparecer neste século, segundo um estudo divulgado hoje pela "National Geographic", alertando para o perigo em cinco regiões, entre elas a América do Sul e Central.

Segundo o relatório, mais da metade das línguas faladas não tem registros escritos, o que faz com que uma seja extinta a cada duas semanas, quando desaparece seu último falante.

Os lingüistas encarregados do estudo, David Harrison e Gregory D.S. Anderson, ambos do Instituto de Línguas Vivas para os Idiomas em Perigo, afirmaram hoje que o desaparecimento de um idioma causa diretamente uma "perda de conhecimento".

As cinco regiões do mundo com maior perigo de perder parte de suas línguas são América do Sul e Central, o norte da Austrália, o planalto noroeste do Pacífico, a Sibéria Oriental e o sudeste dos Estados Unidos, destaca o relatório, elaborado com o Instituto de Línguas Vivas.

"Existem cerca de sete mil línguas no mundo e pelo menos a metade delas deve ser considerada em perigo. Os prognósticos indicam que a metade desaparecerá durante este século", disse Harrison em entrevista coletiva por telefone da sede da "National Geographic" em Washington.

Segundo ele, "80% da população mundial fala 83 grandes idiomas, enquanto existem 3.005 pequenas línguas que só são utilizadas por 0,2%".

Anderson disse que para identificar os lugares onde há uma maior tendência ao desaparecimento dessas pequenas línguas, o estudo se centrou na "diversidade das mesmas".

Foi calculado o número de pessoas que falam um dialeto e a quantidade de documentação escrita existente e foram investigadas as famílias lingüísticas presentes nessas regiões.

"A Bolívia, por exemplo, tem o dobro de diversidade lingüística que toda a Europa, já que tem 37 línguas e oito famílias lingüísticas, que são as mesmas existentes em todo o continente europeu", afirmou Harrison.

O especialista destacou que existem línguas, como o basco, que são únicas porque não procedem de nenhuma família lingüística conhecida, como o latim. Disse também que a perda deste tipo de idioma é mais grave, já que seria praticamente impossível recuperá-lo.

"O basco é conhecido por não ter relação com nenhum outro idioma do mundo. Na Bolívia, há sete tipos de línguas como o basco", acrescentou Harrison.

Entre as cinco áreas com línguas em perigo há semelhanças: por exemplo, muitas delas são ex-colônias européias.

Harrison falou ainda da grave repercussão que teve a chegada do espanhol ao "Novo Mundo".

"Os idiomas desaparecem quando uma comunidade decide que sua língua é um impedimento social ou econômico, e as crianças são especialmente sensíveis a isto", disse.

Os mais novos rejeitam inconscientemente o idioma que não lhes serve. Assim, muitas vezes têm importante papel na extinção das línguas, segundo o estudo.

Os lingüistas afirmaram que, nas regiões assinaladas, vêm sendo empreendidos os chamados "programas de revitalização", durante as viagens efetuadas para a elaboração do relatório.

"Ajudamos-lhes a desenvolver material pedagógico, a escrever gramáticas e dicionários para conseguir o que é mais importante: uma nova geração de falantes", que preservará o idioma único, disse Harrison.

Apesar de seu trabalho no sentido de evitar que patrimônios lingüísticos sejam perdidos, os estudiosos afirmam que a responsabilidade é mundial.

"O respeito às minorias é fundamental para a sobrevivência das línguas. Acho que a era da informação é suficientemente grande para abraçar múltiplas vozes e (múltiplos) idiomas, não é necessário que todo mundo fale somente inglês", disse Harrison.

Para ele, "provavelmente há muitas coisas que podem ser mais bem ditas em outros idiomas".





Fonte: EFE

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