Publicidade
Repórter News - www.reporternews.com.br
Cultura
Sexta - 17 de Agosto de 2007 às 13:47
Por: Lana Motta

    Imprimir


Alpinista conta experiências, lições de vida e considera a escalada mais importante do que a chegada ao cume





Cuiabá/MT - Planejar e conquistar. Nunca dois verbos explicaram com tamanha precisão o conteúdo de uma palestra e, especialmente, uma história de vida que é exemplo de garra, determinação, planejamento, superação de obstáculos e vitórias. Planejar para Conquistar é o tema da palestra proferida ontem, 16, na Feira do Empreendedor em Cuiabá, pelo renomado alpinista brasileiro Rodrigo Raineri. "Estou aqui por que sou movido por paixões, gosto de superar desafios e de conhecer pessoas e lugares", justificou.

Raineri abre a apresentação citando as características que diferenciam o atleta que corre 100 metros rasos - onde o preparo físico é fundamental, do atleta de golfe -jogo em que o aspecto físico tem pouca importância, e do alpinista - que precisa associar preparo físico e mental para conquistar seus objetivos. Afirmando que tudo precisa de planejamento, Raineri mostra ainda a diferença entre a simplicidade de um plano de escalada de fim de tarde para a complexidade de uma escalada ao Aconcágua e ao Everest, que pode durar 3 meses ou mais.

Empresário, Rodrigo tem uma loja de equipamentos para esportes radicais, treinamento comportamental, expedições internacionais e desenvolve projetos de montagem e operação de paredes de escalada para eventos. Em 2001, uma expedição à Serra do Aracá - onde fica a Cachoeira do Pai Nosso, considerada a mais alta do Brasil, com 353 metros de altura -, trouxe a primeira grande projeção nacional ao trabalho do alpinista, sendo tema de um Globo Repórter. Além de enfrentar as dificuldades naturais do acidente geográfico, eles precisaram se prevenir contra o ataque de um tipo de abelhas cujo veneno é mortal. "Todo projeto precisa ter análise de riscos e alternativa para situações de emergência", considerou.

Sua primeira expedição ao Aconcágua foi feita em fevereiro, mês em que a temperatura e o clima sempre foram considerados ideais para a escalada. Mas chegando ao local, perceberam que o aquecimento global havia derretido as geleiras. Toda a operação teve que ser cancelada, sendo programada novamente para o mês de dezembro do ano seguinte. E Rodrigo vai tirando dos erros e acertos suas lições de vida. "Não é porque uma coisa sempre deu certo, que vai continuar dando certo. É preciso se atualizar constantemente", alerta.

No ano seguinte, apesar de todo o planejamento, também enfrentaram desafios que pareciam insuperáveis. Tempestades e variações de micro-clima não indicadas nas previsões meteorológicas de satélite, obrigaram os alpinistas a passar a noite sentados, em um dos picos intermediários da escalada. A opção salvou a dupla de atletas de uma avalanche que atingiu o local onde, pela previsão inicial, deveriam passar a noite, dormindo deitados. "Na vida, muitas vezes devemos optar pela segurança e não pelo conforto", ilustrou.

E cada experiência trouxe uma nova lição de vida. A menos imaginada e mais conclusiva de todas talvez seja a de que "é mais importante a escalada do que a chegada ao cume". Rodrigo Raineri mostra a cronologia de uma de suas expedições. Foram seis meses de sonho, dois anos de projeto, um ano de expedição, sete dias de escalada e 10 minutos no cume da montanha. "Esses dez minutos representam a concretização de um sonho. Mas, se comparados a todo o processo, é pouco", assegura.

Na descida, além de estar com os pés congelados, Rodrigo conta que a expedição foi surpreendida por outra tempestade que trouxe o mais cotidiano dos ensinamentos. "A sensação do já ganhou não é boa", alertou o alpinista. Dirigindo-se aos jovens, ele recomenda: "Só comemore o resultado do vestibular quando ver o seu nome escrito na lista de aprovados".

Entre tantas experiências, emoções e lições assimiladas para a vida, a mais triste para o atleta foi a perda do amigo e companheiro de escalada Vítor Negrete, que faleceu no ano passado, após chegar ao topo do Everest. Primeiro brasileiro a pisar sem oxigênio do cume da montanha, Vítor grava sua última mensagem dedicando a vitória a Rodrigo Raineri que, apesar de tudo, mantém vivo o sonho de escalar o Everest sem oxigênio.

O fotógrafo Tiago Alt, de 24 anos, avaliou a palestra como "um testemunho de vida, de superação de limites e realização de sonhos". A turismóloga e promotora de eventos Cristiane Galdino, 23 anos, também gostou. "É um exemplo de que acreditar é tudo na vida", disse.

A feira do Empreendedor é um evento promovido pelo Sebrae-MT e Governo do Estado, com apoio do Banco do Brasil. Aberto na quarta-feira, 15, o evento segue até domingo, 19, no Centro de Eventos do Pantanal com exposição, palestras, oficinas, oportunidades de negócios e extensa programação voltada ao empreendedorismo.




Fonte: Assessoria

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/211264/visualizar/