Cenipa diz que falha no manete é uma das hipóteses para acidente da TAM
"Uma das hipóteses prováveis é a posição do manete, mas precisamos ter certeza. Por exemplo, os dados podem mostrar que o manete estava em outra posição. Quem garante que não foi uma falha de um equipamento que deu este sinal incorreto", questionou.
Kersul disse que a Aeronáutica trabalha com uma série de hipóteses que podem ter causado o acidente, que incluem também falhas no sistema de frenagem da aeronave até problemas com a tripulação do Airbus.
"Há vários fatores que podem ter contribuído: a pista de pouso, a manutenção da aeronave, as condições de trabalho da tripulação, o preparo da tripulação --fisiológica e psicológica--, a meteorologia, controle de trafego aéreo na hora do acidente. Os dados contidos nas caixas esclarecerão como foi a atuação da aeronave nos últimos minutos do vôo", afirmou.
O avião da TAM atravessou a pista de Congonhas, a avenida Washington Luís e se chocou contra um posto de gasolina e o prédio da TAM Express no último dia 17. Foi o maior acidente da história da aviação do país, deixando cerca de 200 mortos.
Ministro da Defesa
Dez dias depois do acidente, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, veio a São Paulo nesta sexta-feira para vistoriar a pista de Congonhas, o prédio da TAM e, em seguida, foi ao IML (Instituto Médico Legal), onde estão sendo feitos os trabalhados de identificação das vítimas do vôo 3054 da TAM.
"Tanto o comandante [da Aeronáutica, Juniti Saito] como eu descemos ao necrotério para examinar o ato de trabalho de um desses corpos. Quero dizer a vocês que é rigorosamente impactante, para não dizer horroroso", disse Jobim.
Medidas
À tarde, Jobim se encontrou com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB) e com o prefeito da cidade, Gilberto Kassab (DEM). Serra aproveitou o encontro para apresentar propostas para amenizar a crise aérea e reduzir o fluxo no aeroporto de Congonhas.
A principal medida é a construção de uma terceira pista de pouso e decolagem no aeroporto internacional de São Paulo, em Guarulhos, na região metropolitana.
Serra também sugeriu o "apressamento" das obras de construção de um terceiro terminal de passageiros no aeroporto de Cumbica.
Para facilitar o acesso ao aeroporto de Guarulhos, Serra disse que seria construída uma linha ferroviária com trens expressos ligando São Paulo ao terminal.
A proposta de Serra é construir a obra por meio de uma PPP (Parceria Público-Privada). Pela proposta, o Estado de São Paulo entraria com R$ 1,5 bilhão, o governo federal com R$ 580 milhões, e a iniciativa privada com R$ 1,3 bilhão. Para Congonhas, o governador sugeriu a construção de uma área de escape para aumentar a segurança dos vôos e não para aumentar o tráfego ou o peso das aeronaves. Segundo ele, o aeroporto de Congonhas é uma espécie de "porta-aviões".
Anac
A Folha Online apurou que quatro dos cinco diretores da Anac já concordaram com o pedido coletivo de renúncia, inclusive o presidente da agência, Milton Zuanazzi. A única que resiste em deixar o posto é Denise Abreu, indicada para o cargo pelo ex-ministro José Dirceu. A diretoria é composta também por Leur Lomanto, Jorge Veloso e Josef Barat.
Interlocutores do governo informaram que o mais cotado para assumir o lugar de Zuanazzi é o brigadeiro Jorge Godinho Barreto Nery, ex-presidente do DAC. Ele assessorou o ex-ministro Waldir Pires na Defesa e continua na pasta --agora sob o comando de Jobim.
Outro nome cotado para integrar a diretoria da Anac é engenheiro aeronáutico Ozires Silva, ex-presidente da Varig e da Embraer e com um longo currículo de experiência no setor aéreo.
Fontes da Anac disseram que o clima dentro da agência está muito ruim e que dentro da agência há funcionários comemorando a saída dos diretores por considerar que eles não possuem perfil adequado para comandar a autarquia.
Para esses funcionários, a falta de capacitação ficou evidente no acidente da Gol, em setembro passado. Com a queda do avião da TAM, no último dia 17, o pessoal técnico da Anac deixou de respeitar a atual diretoria, formada por indicações políticas.
Dos cinco diretores da Anac, apenas Veloso pertence ao setor: é especialista em segurança de vôo. Zuanazzi --indicado pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil)-- é pós-graduado em sociologia. A advogada Denise Abreu trabalhou com Dirceu na Casa Civil. Lomanto foi deputado federal e assessor parlamentar da Infraero. Barat é economista.
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