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Nacional
Segunda - 23 de Julho de 2007 às 07:05

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Um sermão longo e dolorido iniciou ontem a missa em homenagem às vítimas do vôo JJ 3054 da TAM, na catedral da Sé, em São Paulo.

O nome de 197 mortos no acidente foram lidos um a um pelo padre Juarez de Castro para as mais de 1.200 pessoas que lotavam a igreja. "Para que eles sejam sempre lembrados e que as autoridades possam fazer de tudo para que [a tragédia] não se repita nunca mais", disse. A TAM já admite 198 mortos no acidente da última terça-feira.

Cada vez que um nome ecoava pela catedral, um grupo de amigos e familiares, vestindo camisetas com fotos dos parentes mortos, se levantava e chorava. Algumas lágrimas eram acompanhadas de abraços, outras de aplausos descoordenados. Alguns parentes abaixavam a cabeça e fechavam os olhos.

Os passageiros foram lembrados primeiro, em ordem alfabética. Por último, foram nomeados a tripulação e os funcionários da companhia aérea. Um grupo de colegas da empresa uniformizados começou a aplaudir quando foi chamado o primeiro piloto e só parou depois que foi lido o nome da última comissária.

O arcebispo de São Paulo dom Odilo Scherer assumiu a cerimônia e cumprimentou as autoridades presentes, entre eles, o prefeito da capital, Gilberto Kassab, representantes do governo do Estado e do Poder Judiciário. Também estava lá o presidente da TAM, Marco Antonio Bologna.

Uma mãe se indignou, teve uma crise de choro e foi até uma das saídas laterais da igreja. "Não é justo eles estarem parados aqui enquanto minha filha está dentro de um frigorífico. Não consigo ficar de braços cruzados", reclamava Tereza Maliszewski, mãe da analista de sistemas Katiane Maliszewski Lima, 32, um dos nomes da lista de mortos no acidente.

Na hora do ofertório (quando oferendas são levadas ao altar), Marilda Conde Ruzzante, mãe da comissária Fabiane Ruzzante, 32, que estava grávida de cinco meses, levou uma coroa de flores ao altar. Atrás dela, outros parentes subiram de mãos dadas segurando fotos dos mortos.

Ao descer de lá, Malu Gualberto, que perdeu o marido, Antonio Gualberto Filho, 53, foi direto ao primeiro banco, onde estavam as autoridades.

"Você é o representante do governador?", perguntou ao secretário de Justiça, Luiz Antonio Marrey. "Vou cobrar do poder público por tudo isso", disse. "Eu entendo sua dor, mas estamos fazendo todo o possível", respondeu Marrey.

Promessas como essa não aliviam a sensação de Ubirajara Souza de Almeida, pai de Rodrigo Almeida, 26, que teve o seu corpo identificado ontem pelo IML (Instituto Médico Legal). "A dor não vai passar nunca", lamentou. "Hoje demos uma trégua ao nosso coração para vir à igreja orar", disse. Até o fechamento desta edição, 61 pessoas foram identificadas.

Os parentes das vítimas marcaram para hoje um ato ecumênico, que será realizado às 12h30, na Assembléia Legislativa, próximo ao parque Ibirapuera, em São Paulo.





Fonte: Folha Online

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