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Internacional
Sexta - 22 de Junho de 2007 às 21:46

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WASHINGTON - Está se esgotando o prazo para a Casa Branca negociar a Rodada Doha. A representante de comércio Susan Schwab já havia desistido de uma renovação do Trade Promotion Authority (mecanismo que possibilita ao Executivo negociar acordos comerciais sem sofrer emendas do Congresso) antes de ele expirar, em 1º de julho. Integrantes do Congresso haviam indicado que só concederiam a renovação do TPA se houvesse algum avanço significativo nas negociações de Doha. Como o resultado de Potsdam foi tudo menos avanço, Schwab olha agora para o próximo prazo - o fim de julho.

Em agosto, o Congresso entra em recesso e, a partir de setembro, está aberta oficialmente a campanha eleitoral dos Estados Unidos para 2008. Dificilmente o Executivo conseguirá avançar com uma agenda comercial nos estertores do mandato de George W Bush. Teria, aí, que esperar pelo próximo presidente dos Estados Unidos para negociações comerciais.

Mas Bush ainda não desistiu de Doha, que seria um dos poucos trunfos de seu mandato, para contrabalançar o atoleiro do Iraque - ao lado de uma Lei de Energia ambiciosa, com muitos incentivos a biocombustíveis, e a Reforma da Lei de Imigração, que está moribunda.

Negociações

O Congresso americano continua bastante resistente a negociações comerciais. "Houve um maior diálogo em agricultura; Brasil e Índia precisam entender que não haverá sucesso na rodada Doha sem cortes nas tarifas industriais - nas aplicadas, não apenas nas consolidadas", disse o senador republicano Charles Grassley, ecoando a opinião da representante de comércio de que a intransigência dos indianos e brasileiros em cortar mais suas tarifas sobre bens industriais teria sido a causa do colapso em Potsdam. "Eu parabenizo a embaixadora Schwab por ficar firme - Brasil e Índia que entendam." A oferta agrícola de Schwab, apesar de ser melhor que a anterior, que previa um teto de US$ 22 bilhões para subsídios, atingia apenas "água" - ou seja, propunha um teto de US$ 17 bilhões para subsídios, sendo que os EUA têm dado em média US$ 12 bilhões ao ano aos produtores.

Schwab afirmou várias vezes nesta sexta-feira, 22, em entrevistas , que não desistiu da Rodada, apesar do fracasso nas discussões do G-4. A representante de comércio começou a questionar a liderança do Brasil e da Índia sobre os países em desenvolvimento. "Precisamos ver se os outros países em desenvolvimento vão se unir para dizer que é loucura apresentar números que vão matar o acordo de Doha (como os apresentados por Brasil e Índia)", disse Susan, em entrevista à TV Bloomberg.

A representante de comércio afirmou que "alguns estavam mais comprometidos com o sucesso das negociações do que outros" e disse ter indicado flexibilidade em agricultura . "Mas Brasil e Índia foram intransigentes; começaram a discussão com um número tão alto que mantinha o mercado (de bens industriais) praticamente fechado, eles nos deixaram em uma situação que estavamos negociando contra nós mesmos."

Os negociadores americanos esperam chegar a um acordo contornando a oposição de Índia e China. Uma das maneiras seria um "relatório Lamy", nos moldes do "relatório Dunkel". Na Rodada Uruguai, um relatório elaborado pelo então líder do GATT, Arthur Dunkel, serviu como base para o acordo fechado em 1993, após 7 anos e meio de negociações.





Fonte: Estadão

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