Sem teto terão de deixar terreno de prefeitura da Grande São Paulo

As cercas de 500 famílias da ocupação João Cândido, ligadas ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), que ocupam uma área de 20 mil metros quadrados no Jardim Calu, em Itapecerica da Serra (Grande São Paulo), terão de deixar a área, segundo a prefeitura.

O grupo faz parte de outro conjunto maior, composto por 3.000 famílias do MTST que, por força de um mandado judicial, teve de deixar na madrugada desta sexta-feira um terreno 1,3 milhão de metros quadrados no bairro de Valo Velho, também em Itapecerica, rumo a área na Vila Calu. Outras 2.500 famílias foram alojadas em casas de parentes e amigos, segundo líderes do movimento.

As 500 famílias ocuparam o terreno após um acordo que vinha sendo costurado desde o final do mês de abril com administração do prefeito Jorge José da Costa (PMDB). A prefeitura havia divulgado que os sem teto poderiam ocupar a área no Jardim Calu, desde que houvesse um acordo com os moradores do entorno.

O funcionário responsável por intermediar a reunião entre moradores e sem teto afirmou que o posicionamento dos líderes do bairro Jardim Calu era o de não receber os sem teto. Segundo ele, as lideranças do bairro reclamam em perder o espaço, utilizado como campo de futebol de várzea, principalmente aos finais de semana. O local é dotado de vestiários para os jogadores amadores. Por sua vez, os líderes dos sem teto dizem ter ocupado a área de forma pacífica.

Desocupação

Na tarde desta sexta-feira, Costa emitiu um decreto emergencial pedindo o apoio dos governos Estadual e Federal, para a reintegração de posse do terreno, que é público. Em entrevistas concedidas, respectivamente na terça-feira (15), e na quinta-feira (17), o assessor político de Costa, Cleber Bernardes, e o chefe de gabinete do prefeito, Edgard Cruz, afirmaram que o terreno seria oferecido aos sem teto por um prazo de 90 dias, até que fosse encontrada uma solução definitiva para o grupo.

Procurado na noite desta sexta-feira para comentar o assunto, Bernardes não foi encontrado. Cruz disse que só poderia conceder entrevista no sábado (19). A assessoria de imprensa de Costa não foi localizada as 20h40 desta sexta-feira para comentar o assunto.

Em nota enviada às 19h34 desta sexta-feira, a assessoria de imprensa do prefeito informa que a urgência na desocupação da área se deve ao fato de que os moradores da Vila Calu não podem sofrer as complicações causadas pelo acréscimo de milhares de pessoas em um bairro carente de um dia para o outro.

Segundo a nota, além do movimento não cumprir os acordos firmados durante as negociações, como a apresentação do cadastro completo das famílias necessitadas, a grande maioria dos participantes, segundo os próprios líderes, não são da cidade.

Os sem teto disseram que não haviam sido informados a respeito da decisão do prefeito de tirá-los da área até as 20h40 desta sexta-feira e que cumpriram todas as imposições feitas pela administração municipal.