Fujimori diz em documentário que organizou resgate

O ex-presidente peruano Alberto Fujimori diz que organizou a operação militar que permitiu com sucesso o resgate, há dez anos, dos reféns da residência do embaixador japonês em Lima, segundo um documentário apresentado hoje pelo programa jornalístico "Quarto Poder".

O programa, da emissora local "América Televisión", exibiu um resumo do documentário, produzido e dirigido por Fujimori e com locução do congressista Carlos Raffo, que foi porta-voz do ex-governante nos últimos anos.

No dia 22 de abril de 1997, um grupo de 142 membros das forças especiais peruanas resgatou com vida 71 dos 72 reféns que foram retidos durante 126 dias por um grupo de 14 membros do Movimento Revolucionário Túpac Amaru (MRTA).

Na operação, que está sendo investigada pelas autoridades judiciais diante da denúncia de eventuais execuções extrajudiciais, morreram dois militares, um dos reféns e todos os terroristas.

O documentário oferece imagens e fragmentos de áudio que mostram o trabalho de vigilância e a infiltração de câmaras e microfones de alta tecnologia pelo Serviço de Inteligência Nacional (SEM).

Além disso, é possível ver imagens feitas por membros do SEM nas quais aparecem vários dos resgatados, entre eles o ex-chanceler Francisco Tudela e o almirante retirado Luis Giampietri, atual primeiro vice-presidente do Peru.

Os porta-vozes do "fujimorismo" afirmaram que o documentário foi produzido entre 2000 e 2002, quando Fujimori já se encontrava no Japão, após ter renunciado à Presidência peruana.

Os jornalistas do "Quarto Poder" se perguntaram se as imagens inéditas fazem parte de um grupo de vídeos que Fujimori expropriou pouco depois do surgimento da crise que levou à sua renúncia.

O documentário completo será exibido amanhã à tarde no semicírculo do Congresso do Peru pelo grupo fujimorista, que nega qualquer relação do filme com a iminente resolução da justiça chilena sobre a solicitação de extradição do ex-governante.

Alberto Fujimori, que governou o Peru entre 1990 e 2000, chegou ao Chile vindo do Japão em novembro de 2005, e é requerido pela justiça peruana para responder por dez casos de corrupção e dois de violações dos direitos humanos.

O juiz do caso, Orlando Álvarez, ditará uma decisão judicial de primeira instância depois de receber nos próximos dias um relatório elaborado pela promotora da Corte Suprema, Mónica Maldonado.

Tanto a defesa do ex-líder como os advogados do Estado peruano anteciparam que se a decisão judicial de Álvarez for adversa apelarão à II Sala Penal da Corte Suprema, que tomará uma decisão definitiva