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Polícia Brasil
Domingo - 06 de Maio de 2007 às 00:47
Por: Cícero Affonso

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Os sentenciados que cumprem pena no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) do Centro de Readaptação Penitenciário (CRP), unidade considerada de segurança máxima, instalada em Presidente Bernardes (590 km a oeste de São Paulo), passam a receber a partir desse mês uma cesta composta de 25 itens e não mais os sete a que tinham direito.

O "jumbo" como é chamada a sacola com alguns mantimentos e produtos de higiene pessoal, até então era composto apenas por açúcar, refresco em pó, biscoito não recheado, presunto, queijo, aparelho de barbear e cigarros, levados pelos familiares do preso.

Porém, um comunicado da direção da unidade distribuído aos presos em 26 de abril, apresenta uma lista com 56 itens para que o encarcerado possa escolher 25 produtos, entre eles, a revista Placar (publicação direcionada ao público esportivo).

A regalia oferecida aos cerca de 160 presos considerados de altíssima periculosidade - entre eles, Marco Willians Herbasa Camacho, o "Marcola", apontado como principal líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que age dentro e fora dos presídios - não agradou aos agentes de segurança penitenciária.

Para a categoria, pelo menos um dos itens disponibilizados aos presos (revista), está em desacordo com as normas do CRP: a de número 49, que proíbe o acesso dos presos a revistas, jornais e aparelhos de rádio e de TV.

O favorecimento aos sentenciados, de acordo com os agentes, cede às pressões do PCC. Os agentes temem pelo "relaxamento da segurança" da unidade considerada mais segura e rígida do País: "sai governo, e entra governo, eles (os presos) continuam tendo tudo aquilo que querem", disse um trabalhador que, temendo por sua segurança, pediu para não ser identificado.

Outro funcionário afirma que o aumento do "jumbo" era uma das reivindicações antigas da facção: "Eles (integrantes do PCC) tanto fizeram que conseguiram. Resta saber agora, o que eles vão querer a partir de agora", afirmou.

No ano passado, 44 presos do PCC, entre eles Marcola, fizeram greve de fome por melhorias nas condições do presídio.

Para o diretor do sindicato dos agentes penitenciários Ivan Marcos Vicentini, que preside a Associação de Defesa de Assistência ao Agente Penitenciário (Adab), concessões dessa natureza acabam "minando o controle e a segurança da unidade". Ele reintera: "Tudo que se transforma em regalia vai afrouxando a segurança. Hoje eles querem o "jumbo", amanhã mais visita e assim por diante. O pior é que vão conseguindo tudo isso", disse.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) informa que "os itens são autorizados pela unidade e não comprometem a legislação da mesma".

A assessoria informa ainda que, "por motivos de segurança", a secretaria não dá mais detalhes sobre normas internas. Depois que assumiu a SAP, o secretário Antonio Ferreira Pinto ordenou que informações como população carcerária e normas de cada unidade contidas no site da SAP, fossem suprimidas, a título de melhor segurança.





Fonte: Terra

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