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Politica Brasil
Sábado - 14 de Abril de 2007 às 09:40

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Escuta telefônica feita pela Polícia Federal mostra a deputada federal Marina Maggessi (PPS-RJ), policial licenciada, sugerindo que um delegado da Polícia Civil do Rio deveria ser alvo de "um monte de tiros nos cornos". Ela conversava com um inspetor da polícia acusado de envolvimento com a máfia de caça-níqueis.

A conversa ocorreu no dia 31 de outubro, quando Maggessi já havia sido eleita, mas não tinha tomado posse. Ela conversava com o policial civil Hélio Machado, o Helinho, um dos inspetores presos no final do ano passado pela Polícia Federal na operação Gladiador.

Ele é acusado de oferecer proteção a uma das máfias de caça-níquel do Estado, junto com o ex-chefe da Polícia Civil, o deputado estadual Álvaro Lins (PMDB), e mais dois inspetores, com quem formaria o grupo dos "inhos" --referência aos apelidos no diminutivo. As escutas fazem parte da investigação da PF.

Os dois conversavam sobre o delegado Alexandre Neto, lotado na delegacia Anti-Seqüestro. A deputada aponta Neto como o responsável pelo vazamento de informações sobre as investigações da Polícia Federal em relação ao grupo de policiais supostamente envolvidos com a máfia de caça-níqueis.

"Tá meio embaçado. Muita fofocada. (...) O tal do Alexandre Neto. (...) Ele está alegando o negócio do desenvolvimento do Dr. Álvaro, o patrimônio dele. Aí cita os "Inhos", entendeu?", comenta Helinho.

"Todo envolvido com sacanagem. Você não deu um soco na cara dele, não?", sugere a deputada Maggessi.

"Como é que eu vou dar, prima? Agora quem tem que fazer barulho em cima dele e mostrar... Quem ele é, entendeu? A verdade é essa", respondeu o inspetor. "Trabalho é um monte de tiros nos cornos dele, isso sim.. Trabalho..", retruca Maggessi.

Para Neto, a deputada "quebrou pilares da polícia, como hierarquia e disciplina". "O que ela fez foi uma insubordinação. Ela era policial civil quando fez a declaração e foi eleita nesta condição. E ainda reafirma a vontade de me matar". Decoro

A deputada afirmou que não pretende matar o delegado, mas tem "vontade". "Eu nunca mataria, mas tenho vontade. Isso não é crime", afirmou Maggessi.

Ela disse ainda que não teme uma representação no Conselho de Ética da Câmara. Para a deputada, "quebra de decoro é essa gravação, a minha intimidade no meu telefone".

O vice-presidente do Conselho de Ética, Nelson Trad, afirmou que as declarações da deputada não "tipificariam" nenhuma representação contra ela. No entanto, ele ressaltou que o comportamento da deputada "é incompatível com o decoro parlamentar".

"Infelizmente este tratamento denota uma incontinência verbal de uma autoridade policial que deixa em dúvida a atuação como parlamentar", afirmou Trad.

Outro lado

A deputada federal Marina Maggessi (PPS-RJ) afirmou que "nunca mataria ninguém", mas confirmou a "vontade" de matar o delegado Alexandre Neto. Para ela, isso não é ilegal.

"Estava conversando com um amigo querido [Helinho]. Se eu falasse isso em público era uma coisa, mas falei na minha privacidade. Todo mundo fala isso. Todo mundo tem vontade que alguém morra. Isso não é ilegal", argumentou.

Ela nega, porém, que estivesse sugerindo ao inspetor Hélio Machado, o Helinho, que o delegado Alexandre Neto fosse morto. "Se quisesse matar ele, agora não teria nem caveira dele."

Sobre o suposto "envolvimento com sacanagem" do delegado, Marina disse que não seria "leviana" em falar algo que não pode provar.

Ela reclamou de um suposto comentário que o delegado teria feito a ela quando Maggessi fora visitar Helinho na prisão. "Ele perguntou se eu ia levar minha equipe [de policiais] para trabalhar comigo em Brasília, rindo. Ele é todo debochado."





Fonte: Folha Online

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