Delegado da PF em Cuiabá critica STF por arquivar inquérito contra Mercadante
No inquérito do caso, concluído em dezembro, Curado indiciou Mercadante por crime eleitoral de caixa dois na campanha derrotada do senador ao governo de São Paulo.
"Se [o STF] manteve [no inquérito] o indiciamento de Hamilton Lacerda, que era assessor e coordenador da campanha [de Mercadante], como pode ser [arquivada a acusação contra o senador]?", questionou o delegado.
Curado concluiu no inquérito que Lacerda, com o aval de Mercadante, levou malas com US$ 248,8 mil e mais R$ 1,168 milhão ao hotel Íbis Congonhas, em São Paulo, nos dias 13 e 15 de setembro de 2006.
O dinheiro, apreendido pela PF, era para comprar do chefe da máfia dos sanguessugas, Luiz Antonio Vedoin, documentos que buscavam envolver o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e o candidato tucano a presidente, Geraldo Alckmin, no esquema de corrupção.
Segundo o delegado, o dinheiro em reais saiu de caixa dois da campanha do senador ao governo de São Paulo. Por isso, o delegado indiciou Mercadante e o tesoureiro da campanha, José Giácomo Baccarin.
"Há uma contradição. Pelo que eu sei, o procurador-geral [da República] pediu o arquivamento só para Mercadante. Não pediu para Baccarin. [O STF] concedeu [o arquivamento] de ofício [sem pedido formal] também para Baccarin. Não sei por que fizeram isso. Preciso ver o processo", disse o delegado.
A expectativa do delegado é que, na conclusão do julgamento sobre o caso, o STF decida que a PF tem competência para indiciar autoridades com foro privilegiado, como presidente da República, senadores e deputados. "Aí, realmente, pelo menos nisso, obteríamos uma vitória".
Comentários