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Nacional
Sábado - 03 de Março de 2007 às 19:18

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Dois produtos comuns no Nordeste brasileiro estão sendo utilizados para a fabricação de pães e de ração para animais. Após pesquisas realizadas pelo Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), uma unidade do Ministério da Ciência e Tecnologia, a palma forrageira e os rejeitos de camarão são transformados em produtos nutritivos e com custo reduzido.

A idéia de fazer pão com farinha produzida a partir da trituração da palma surgiu de um trabalho conjunto com um grupo de estudos do Instituto de Tecnologia Agroalimentar de Quebec, no Canadá. Segundo Danyelly Bruneska Martins, pesquisadora do Grupo de Fermentação e Bioprocessos do Cetene, a intenção foi unir a pesquisa na área alimentar realizada pelos canadenses com um produto brasileiro.

Já o uso do camarão para fazer ração animal foi motivado por razões econômicas. De acordo com o coordenador do Grupo de Fermentação do Cetene, José Luiz de Lima Filho, as rações utilizadas na Região Nordeste são feitas com milho trazido do Sul do país, o que encarece o produto. Enquanto isso, os maiores produtores de camarão do Brasil estão na Região Nordeste. “O processamento do camarão faz com que a cabeça e parte da casca sejam simplesmente jogadas no meio ambiente. Como o camarão é rico em quitina, que é um carboidrato, e também rico em alguns antioxidantes, a idéia foi fermentar esse material, juntamente com alguns resíduos ricos em celulose da nossa região para elaborar a ração”, explica o coordenador. Ele comenta que o projeto também tem o objetivo de reduzir os impactos ambientais da indústria do camarão.

A palma forrageira é uma planta comum no Nordeste brasileiro, especialmente em áreas de seca. Seus cascos grandes, em forma de raquete, são utilizados no interior do estado para alimentação do gado, pois retêm grande quantidade de água, e são fundamentais para manter os animais hidratados durante prolongados períodos de seca. Além de tornar o pão mais barato, pois substitui até 10% da farinha de trigo na receita do pão, a farinha de palma forrageira é rica em vitaminas, carboidratos e fibras, e também é uma fonte de energia. A idéia, segundo a pesquisadora, é unir levedura à farinha para acrescentar proteína ao produto, tornando o pão ainda mais nutritivo.

Outra questão levada em conta na fabricação do pão com palma forrageira é o sabor do alimento. Por isso, as pesquisas estão sendo realizadas em conjunto com professores do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco e professores de gastronomia da Universidade Rural. A aceitação do produto pelo consumidor final também está em teste. “As pessoas que foram envolvidas no teste sensorial acharam o pão muito saboroso, e nenhuma delas sabia que se tratava de um pão de palma, pois o sabor não remete a nenhum tipo de vegetal”, afirma a pesquisadora.

A ração feita a partir de rejeitos de camarão poderá ser utilizada para alimentar peixes, aves e gado. O produto ainda está sendo testado em pequenos aquários, mas, segundo José Luiz de Lima Filho, a intenção é aumentar a produção. “Já vimos que o conteúdo é viável. Já produzimos em escala laboratorial, agora, vamos fazer uma escala maior, em uma fazenda piloto na Mata Sul de Pernambuco”, anuncia o coordenador.





Fonte: Agência Brasil

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