Publicidade
Repórter News - www.reporternews.com.br
Cultura
Sábado - 17 de Fevereiro de 2007 às 15:06
Por: Onofre Ribeiro

    Imprimir


Nunca me animei muito com o carnaval. Aliás, só me lembro de uma noite no carnaval em Brasília, quando o lança-perfume era permitido. Cheirei e fiquei doidão. Aí consegui dançar um bocado. Mas a dor de cabeça no dia seguinte ...! Daí para frente, a não ser em algumas coberturas do carnaval como jornalista, nunca mais me interessei.

Contudo, não posso deixar de admitir que gosto muito das marchinhas carnavalescas da minha infância até a juventude. Lá pelo fim dos anos 60 aos poucos as marchinhas perderam espaço para os sambas-enredo das escolas de samba do Rio de Janeiro. E mais recentemente, começando pelo axé baiano patrocinado pela cerveja Antártica com Daniela Mercury e outros artistas da terra, a música carnavalesca tomou novos rumos. Antes, Dodô e Osmar popularizaram o trio elétrico no qual não cabiam as singelas marchinhas do carnaval carioca. Nasceram os fundamentos do axé, numa mistura musical que vai do reggae, ao jazz e termina no samba mais ritmado.

Nunca mais o carnaval foi o mesmo. Acabaram-se as singelas serpentinas, as colombinas e os pierrôs, as bandas de clubes, acabaram-se os clube e os bailes fantásticos. Tudo saiu para as ruas e avenidas. A censura acabou e as belas mulheres misturaram nudez com samba, marketing pessoal e carreiras na moda, na televisão e no cinema. Os artistas saíram de detrás das câmeras dos estúdios para as avenidas e se tornaram mais populares e identificados com as massas na incessante busca de espaço profissional.

Mas isso é modernidade e assim será sempre. Tudo muda. Como diz a garotada: a fila anda.

Gostaria de recordar um pouco as marchinhas carnavalescas que tocavam no rádio a partir do fim do natal. “As Pastorinhas”, de João de Barro, o Braguinha, emocionavam as velhas senhoras e os velhos senhores e pegavam também a animação dos jovens.

Pra atiçar a lembranças dos mais velhos, vou lembrar algumas marchinhas históricas dos carnavais brasileiros dos anos 40 a 60: “Alalaô”, “Cabeleira do Zezé”, “Maracangalha”, “Me dá um dinheiro aí”, “Sassaricando”, “Chiquita Bacana”, “A Jardineira”, “Abre alas”, “Acorda Maria Bonita”, “Aurora”, “Balancê”, “Camisa Listrada”, “Bandeira Branca”, “Cachaça não é água não”, “Cidade Maravilhosa”, “Camélia”, “Daqui não saio”, “Está chegando a hora”, “Estão voltando as flores”, “Estrela do mar”, “Indio quer apito”, “Jura”, “Lata d´água”, “Mamãe eu quero”, “Linda morena”, “Marcha do remador”, “Maria Candelária”, “Máscara Negra”, “O cordão dos puxa-sacos”, “O teu cabelo não nega”, “Pierrô apaixonado”, “Pirata da perna de pau”, “Quem sabe, sabe”, “Saca rolha”, “Taí”, “Tomara que chova”, “Touradas em Madri”, “Tristeza”, “Turma do funil”, “Uma andorinha só não faz verão”, “Vai com jeito”, “Balancê”, “Festa no interior”, “Chiquita bacana”, “Bota camisinha”, “Bloco da solidão”, “Mulata Iê, iê, iê”, “Maria escandalosa”, “Ai, que saudades da Amélia”, “Professorinha”, “Boi da cara preta”, “Cidade maravilhosa”, “A praça”, “Brotinho”, “Mal-me-quer”, “É dos carecas que elas gostam mais”, “Tem nego bebo aí”, “Linda lourinha”, “Maria sapatão”, “Maracangalha”, “Vaca amarela”.

Agüenta mais? Bom carnaval. “Você pensa que cachaça é água. Cachaça não é água, não. Cachaça vem do alambique, água vem do ribeirão...”.

Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM

onofreribeiro@terra.com.br





Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/241354/visualizar/