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Polícia Brasil
Sexta - 09 de Fevereiro de 2007 às 08:26

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Numa operação policial que mobilizou três delegacias e um batalhão da Polícia Militar, foram presos, em menos de 24 horas, os dois acusados de matar um menino de 6 anos, que, com o corpo atado ao cinto de segurança, foi arrastado por 7 km durante a fuga dos bandidos. Diego Nascimento Silva, de 18 anos, e um menor de 17 anos - confessaram o crime, segundo a polícia. Eles responderão por latrocínio (roubo seguido de morte). A polícia disse ainda que Diego pode pegar cerca de 20 a 30 anos de prisão. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, o menor só poderá ficar detido por no máximo três anos.

A prisão foi no morro de São José da Pedra, em Madureira, no subúrbio, onde os policiais chegaram por meio de denúncia anônima. Eles foram interrogados na 30ª DP (Marechal Hermes), onde estiveram o Secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, e o comandante-geral da PM, coronel Ubiratan Ângelo.

Um terceiro detido – Tiago, de 19 anos – não teria envolvimento com o caso, informou o delegado da 30ª DP (Marechal Hermes, no subúrbio), Hércules Pires do Nascimento. Ele foi levado à delegacia apenas como testemunha. Os policiais do 9º Batalhão (Rocha Miranda), que, ao fim do turno de serviço, tinham permanecido no quartel para ajudar na captura, comemoraram.

O menino João Hélio ficou com o corpo do lado de fora do carro, enquanto, segundo testemunhas, os bandidos faziam zigue-zague na tentativa de se desvencilhar dele.

Arma de brinquedo

Segundo o major Malheiros, do 9º BPM, participaram efetivamente do crime o menor de 17 anos, e Diego, de 18 anos, que seria o cabeça do crime e estaria ao volante. Diego já tem passagem na polícia por roubo, enquanto o menor disse que usou uma arma de brinquedo no assalto.

Aparentando frieza em seu depoimento, Diego disse que costuma roubar carros e que sua intenção era levar os pertences das vítimas. Ele afirmou que não percebeu que o menino estava preso ao cinto de segurança do carro e negou que tivesse dirigido em zigue-zague durante a fuga.

O delegado Pires do Nascimento informou que Diego será indiciado por latrocínio - roubo seguido de morte. Sua pena pode chegar a 30 anos de reclusão. O menor vai ser encaminhado à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Se for comprovada a sua culpa, ele deverá cumprir medida sócio-educativa, recuperando a liberdade em três anos.

O assalto

O crime aconteceu por volta das 21h30 da quarta-feira (7) e chocou pela violência. A mãe, a filha de 13 anos e o filho mais novo, de 6 anos, foram rendidos na Rua João Vicente, em Osvaldo Cruz, no subúrbio, pouco depois de sair de um centro espírita kardecista. As duas, que estavam nos bancos da frente, saíram rapidamente, mas João Hélio permaneceu atado ao cinto quando os bandidos arrancaram com o carro.

“Ele deve ter morrido logo no primeiro impacto com o chão ou com a roda traseira do carro”, disse o delegado.

Na fuga, segundo as testemunhas, os assaltantes dirigiram o carro em zigue-zague, numa tentativa de se desvencilhar do corpo, por quatro bairros do subúrbio da cidade – Osvaldo Cruz, Madureira, Campinho e Cascadura -, onde a criança e o Corsa foram abandonados numa rua escura, a Caiari. Pelo caminho, na rota da fuga, moradores da região pediam que os bandidos parassem, mas não foram atendidos. Os acusados dizem que não ouviram os pedidos, que teriam confundido como perseguição policial.

Uma testemunha, que se identificou apenas como Joyce, socorreu a mãe e a filha logo depois do assalto, levando-as para a delegacia, contou: “Jamais esquecerei o que vi aqui. O corpo do menino parecia estar num varal”.

Disque-denúncia Participaram da prisão, no morro, um grupo de 30 PMs.Para o comandante-geral da corporação, coronel Ubiratan Ângelo, o apoio da comunidade foi fundamental. Pela manhã, o delegado responsável pelas investigações fizera um apelo à sociedade, advertindo que o crime só seria resolvido com a ajuda de todos.

Ainda cedo, as denúncias começaram a chegar ao Disque-denúncia, enquanto a oferta de recompensa subiu para R$ 4 mil. “Foi uma pilha de denúncias”, disse o diretor de Polícia da Capital, delegado Sérgio Caldas.

O empenho da cúpula da polícia do Rio em resolver o caso foi demonstrado na presença no enterro de João Hélio do Secretário de Segurança Pública e do comandante da PM, coronel Ubiratan Ângelo. Os dois usaram a mesma expressão para deplorar o crime: “banalização da vida”. O governador Sérgio Cabral lamentou o crime bárbaro.

O corpo do garoto foi enterrado por volta das 16h, no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste, em meio ao desespero da família. A irmã da vítima, de 13 anos, que estava na hora do assalto, gritou ao ver o caixão descer ao túmulo:

“Irmão, desculpa por não ter podido te salvar”.





Fonte: G1

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