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Cidades/Geral
Segunda - 05 de Fevereiro de 2007 às 13:53

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Um estudo realizado na Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) revela que o rápido avanço do cultivo de soja no norte do estado, entre o Baixo Araguaia e a reserva do Xingu, está provocando a saída de pequenos agricultores.

“A ânsia do lucro não respeita nada. Onde é possível plantar soja, a mata está sendo sacrificada e a população pobre, juntamente com os indígenas, sendo expulsa”, afirma o professor de sociologia rural João Carlos Barroso, coordenador do Núcleo de Estudos Rurais e Urbanos da UFMT e responsável pela pesquisa.

O estudo preliminar, feito em 2005 e divulgado no ano passado, traz um relato sobre os 13 municípios da região. Segundo o professor, o avanço da soja começou a impactar a região a partir do ano 2000 e hoje está presente em 80% dos municípios. Em Querência, por exemplo, o cultivo já ocupa 80% do território.

“O que se alega é que o meio ambiente não pode ser um obstáculo ao desenvolvimento econômico no campo. Por isso, há fogo em toda parte. A impressão é de que o mundo está queimando”, sublinha.

O sociólogo, em um mês de viagem, percorreu 3,6 mil quilômetros. “O avanço da soja é impressionante, maior do que eu imaginava. Se continuar assim, se não for delimitada a área de expansão, em pouco tempo as máquinas agrícolas vão ocupar toda a região”.

Esse processo está causando, segundo ele, a expulsão de agricultores e posseiros que vivem do plantio de arroz, milho e mandioca, pois mais de 50% das propriedades locais são de pequeno e médio porte. “É um pessoal frágil que está sendo expulso, jogado fora”, frisa Barroso.

O professor prevê que, como a região tem cidades pequenas, sem indústria e agroindústria, os trabalhadores do campo não terão como sobreviver. “Estão perdendo a terra e não conseguem trabalho nessas empresas, que são altamente mecanizadas. Não há espaço para agricultores não alfabetizados e profissionalizados. Enfim, serão expulsos da terra e da região. Observei muita ociosidade nos municípios”.

Para Barroso, esses excluídos só têm duas alternativas no momento: migrar para os grandes centros urbanos ou para “mais adiante”, para serem posseiros na mata e, novamente, serem expulsos pela chegada dos empreendimentos agrícolas, “num triste círculo vicioso”.





Fonte: Agância Brasil

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