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Economia
Segunda - 05 de Fevereiro de 2007 às 13:20

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O presidente da MT Gás, Helny de Paula, ignorou a ameaça feita pelo governo da Bolívia em cortar o envio de gás natural do país vizinho para Cuiabá em virtude do baixo preço que as empresas Shell e Eron, responsáveis pela termoelétrica Mário Covas, que funciona em Cuiabá, pagam aos bolivianos: US$ 1 por milhão de BTU. O governo boliviano quer receber US$ 5 por milhão de BTU. O sindicato dos Taxistas de Cuiabá se mostra preocupado com a ameaça boliviana e se movimenta no sentido de que o governo do Estado possa evitar o colapso no fornecimento de gás veicular. O presidente do sindicato Antônio Bodnar teme prejuízos para a categoria.

Paula foi irônico ao informar sobre a situação: “Não sei de nada. Não recebi nenhuma informação. Isso é especulação. Não temos informações oficiais’, para completar que o “problema deve ser resolvido pelas empresas privadas que são responsáveis pela termoelétrica”. Mas o presidente da Petrobrás José Sérgio Gabrielli em entrevista na TV Bandeirantes, na noite de domingo confirmou a existência da ameaça do governo boliviano e revelou que o problema tem de ser resolvido entre o governo de Mato Grosso, as empresas que operam a termoelétrica Mário Covas em Cuiabá e o governo boliviano. Segundo Gabrielli a Petrobrás não tem nenhum vinculo com o gasoduto Bolívia Mato Grosso.

Já o gerente de assuntos reguladores da Pantanal Energia Fábio Garcia procurado pela reportagem garantiu que o abastecimento do gás boliviano permanece normal e garantiu que não recebeu nenhuma ameaça oficial por parte do governo boliviano.

PREOCUPAÇÃO

Mas se o presidente da MT Gás Helny de Paula e o gerente da Pantanal Energia Fábio Garcia disfarçam o problema afirmando que não foram contatados pelo governo boliviano e que a ameaça de desabastecimento com o corte de fornecimento não passa de especulação, o presidente do Sindicato dos Taxistas de Cuiabá disse que o problema existe e que preocupa a categoria.

Em entrevista ao repórter do site Valdemir Roberto, Antônio Bodnar disse que existem em Cuiabá 180 taxis movidos a gás veicular. Segundo ele o número só não é maior porque os taxistas estão com medo de converter seus veículos a gás, R$ 4 mil, e perderem dinheiro. “Estamos acompanhado todas as notícias sobre esta questão e sabemos que o presidente da Bolívia Evo Morales está fazendo ameaças”.

Bodnar disse acreditar na política de boa vizinha entre Brasil e Bolívia. Mas lembra que o problema é setorial, ou seja, de Mato Grosso com o governo boliviano e cobra do governo do Estado uma solução rápida. “Procuramos o presidente da MT Gás Helny de Paula que nos garantiu que existe um contrato de fornecimento de gás até 2020. Mas não podemos confiar nesta informação. Se a Bolívia não respeitou um acordo com a Petrobrás que é de milhões de dólares imagina se vão respeitar um contrato com Mato Grosso”, disse, completando uma preocupação de toda a categoria. “O governo de Mato Grosso não tem nenhum carro a gás. Será que é desconfiança no contrato que eles mesmos fizeram com os bolivianos”.

Entenda o caso

O Governo da Bolívia ameaça fechar o gasoduto que abastece Cuiabá por causa da recusa da Petrobras em negociar o preço do gás e em abastecer o mercado interno boliviano. Os bolivianos também mencionam o projeto brasileiro de construir duas usinas hidrelétricas na fronteira entre os dois países como responsável pela crise diplomática que atinge os dois países. O presidente boiliviano, Evo Morales, tem agenda marcada para visitar o Brasil, mas ameaça cancelar a viagem.

Recentemente, o governo boliviano avisou que cortaria o abastecimento em março caso não haja aumento no preço. A Bolívia já havia ameaçado interromper o fornecimento em agosto passado, mas desistiu após intervenção de Brasília. Durante a cúpula do Mercosul, realizada no mês passado no Rio de Janeiro, Morales disse que "não é possível que a Bolívia siga subvencionando gás para o Brasil", em alusão ao contrato de Cuiabá. O gás boliviano atende 70% do mercado de Mato Grosso.

Atualmente, a usina, controlada pela empresa Shell, paga apenas US$ 1 por milhão de BTU. A Petrobras não participa desse ramal. Segundo o ministro dos Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, o contrato de fornecimento à usina de Cuiabá foi feito entre duas empresas privadas, o que é proibido pela legislação boliviana em vigor atualmente. "Poderíamos tomar uma medida unilateral, mas, devido às relações fraternas com o Brasil e com o presidente Lula, preferimos uma solução negociada". O tema já foi discutido com o governo brasileiro, que transferiu a negociação para as empresas signatárias dos contratos - Shell e Enron, donas da térmica, e Andina, vendedora do gás.

Do lado boliviano, o principal impasse se refere ao preço do gás. O presidente boliviano exige que o Brasil pague pelo menos o mesmo valor em vigência com a Argentina, de US$ 5 por milhão de BTU (medida térmica britânica).

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - que defendeu Morales sobre a nacionalização do gás durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, no mês passado - vem mantendo a posição de que não interferirá nas negociações da Petrobras, que hoje paga US$ 4,3 por milhão de BTU e resiste em aceitar um aumento de preços. Para compensar, o Brasil está oferecendo um pacote de ajuda que inclui, entre outros itens, o financiamento de projetos de reforma agrária.

A insistência no preço do gás reflete recente mudança de posição da Bolívia. Em dezembro, quando houve a última reunião oficial para discutir o tema, Petrobras e YPFB concordaram em deixar o reajuste de lado em troca de uma "agenda positiva" da empresa brasileira no país, inclusive com a retomada de investimentos.





Fonte: 24HorasNews

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