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Nacional
Sábado - 03 de Fevereiro de 2007 às 14:55

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Apenas no mês de janeiro, 111 pessoas foram atacadas por cães violentos, em Belo Horizonte. A estatística alarmante do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII mantém a média dos dois últimos anos. Em 2005 foram 1146 ataques e em 2006, 1105. A maioria das vítimas foram atacadas por cães da raça pitbull. Estes números preocupam não só a população, mas também os médicos responsáveis pelos atendimentos.

De acordo com o coordenador do pronto-socorro do João XXIII, Dr. Luiz Alberto Sabino, "grande parte das vítimas são mulheres, idosos e crianças, uma vez que o extinto de defesa é inferior, fazendo com que o ataque do animal seja mais feroz". O HPS João XXIII é referência em Minas Gerais neste tipo de atendimento.

O especialista defende que os proprietários devem ser bem orientados a fim de evitar que os animais se tornem violentos. Para o cirurgião, "todo cuidado é pouco, a reação é irracional e de repente. A agressividade é muito grande e os danos podem levar à morte".

Na última quarta-feira, um garoto de três anos, Lucas Pereira Marques, teve a orelha direita arrancada e o rosto dilacerado por um pitbull. Ele brincava no quintal de sua casa, quando o cachorro, que estava acorrentado, o agrediu. A corrente era grande e permitia que se movimentasse.

Segundo a PM, os vizinhos, ao ouvirem os gritos do garoto, entraram na casa e mataram o cão a pauladas, facadas e pedradas. O animal pertencia ao dono da casa, tio de Lucas.

Em 2006, a dona de casa Alice Santos foi atacada por uma cadela criada em sua própria casa. A fêmea, que tinha apenas oito meses na época, queria brincar com uma mangueira de água, porém dona Alice impediu. Então o animal partiu pra cima da vítima causando diversos ferimentos nos braços e na perna esquerda.

"Ela me atacou pra matar mesmo. Se não fosse a coleira, que eu consegui segurar e imobilizar até que chegasse um socorro, eu teria morrido", afirma a senhora que acredita viver em constante medo, pois ainda possui outro animal em casa. "Meu marido não quer dar o outro. Eu vivo em suspense porque estou com a morte ao meu lado. Só quem já foi atacado por um pitbull, sabe a dor e o sofrimento causados".

Ainda em 2006, um andarilho, identificado apenas como Raul, foi morto por um pitbull, dentro de um ferro velho, no bairro Cachoeirinha, an região Nordeste de Belo Horizonte. O proprietário, Alan de Souza Leão, contou aos policiais que o mendigo entrou no local para roubar, mas foi surpreendido pelos dois animais. Raul, ainda foi levado para um hospital, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

Em Araxá, região do Alto da Paraíba de Minas Gerais, um outro pitbull atacou os alunos de uma escola. O animal estava solto e entrou no momento em que um carro saía. Ele invadiu uma sala de aula onde estavam crianças de seis anos, deixando uma menina ferida na perna e vários outros alunos com arranhões.

O american pitbull terrier, nome oficial da raça, vem sofrendo várias restrições legais em diversos países, inclusive no Brasil. De acordo com o site Vida Animal, estima-se que no Brasil tenha hoje 40 mil pitbulls. A proposta de criação no país é direcionada para guarda e companhia. Porém, os cães dessa raça são conhecidos por sua natureza agressiva e muitos são os casos de animais criados somente com a finalidade de participar de competições de lutas.

Porém, Juliana Grossi, presidente do Clube do pitbull de Belo Horizonte, discorda dessa idéia. Ela acredita que esta raça é extremamente dócil. Segundo ela, o que faz com que o animal se transforme num cão violento é a criação. "Tudo depende da criação, da disciplina que é dada. Nenhum animal é doido. Qualquer animal que você crie em más condições fica bravo. Tem que dar muito carinho, boa alimentação, levar pra passear. Ele não tem a índole má", aponta.

Em agosto passado, o governador Aécio Neves sancionou a Lei 16.301, que proíbe a procriação e a entrada de cães da raça pitbull em Minas Gerais. Aécio vetou, no entanto, o artigo que previa a esterilização dos cães da raça. Pela lei, os proprietários devem registrar seus animais, com mais de 120 dias de idade, nos órgãos credenciados pelo governo estadual

A lei visa diminuir ataques de cães violentos de diversas raças, mas ela é mais rígida com a raça pitbull. O artigo quinto diz que "é proibida a adoção, procriação e entrada de cães pitbull no estado, sujeitando-se os estabelecimentos infratores à cassação de alvará de funcionamento, nos termos da legislação aplicável". O decreto obriga, ainda, os proprietários a usarem, nos cães, equipamentos de contenção, como focinheiras, quando o animal estiver em via pública. Até na casa do dono passa a ser obrigatória a instalação de placa de advertência.

Juliana Gróssi também discorda da lei de esterilização. Ela afirma que em Belo Horizonte existem muitos criadores de pitbull comprometidos com a responsabilidade e que se isso acontecer sempre, os ataques serão minimizados com certeza.

"Isso não faz nenhum sentido. Existem muitas pessoas responsáveis que criam pitbulls somente para exposições e que acompanham seus históricos desde o início. Eu, particularmente, não conheço nenhum animal, que criado em boas condições, represente risco. Os meus, por exemplo, têm pedigree, conheço a origem e do que são capazes", conclui a criadora.





Fonte: Terra

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