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Economia
Quarta - 24 de Janeiro de 2007 às 10:48

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As novas obras aeroportuárias incluídas no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) beneficiarão governadores que apóiam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para os de oposição, foram apenas mantidas as obras previstas anteriormente pela Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária).

Por outro lado, uma necessidade essencial do país no setor de aviação nos próximos anos foi deixada de lado por ser muito cara: a construção de um terceiro grande aeroporto na região metropolitana de São Paulo, que custaria cerca de R$ 5 bilhões em valores de hoje.

Com base nos projetos e obras listados pela própria Infraero em sua página na internet, a Folha verificou na manhã de ontem que apenas aliados do Palácio do Planalto foram contemplados em obras inéditas. Todas as demais seriam realizadas com ou sem o PAC.

A exceção é Minas Gerais. O governador Aécio Neves (PSDB), simpático ao governo Lula, ganhou por enquanto a ampliação do estacionamento do aeroporto de Confins.

Assessores da Infraero consideraram a relação entre obras e aliados políticos como uma "coincidência". Os investimentos do PAC estariam em análise desde antes das eleições do ano passado.

O presidente da estatal, brigadeiro José Carlos Pereira, disse que a escolha das obras foi feita pela Casa Civil, com base nas sugestões da empresa.

A construção do terceiro aeroporto em São Paulo, por exemplo, foi discutida. Mas abandonada por ora. "Não vou dizer que a Infraero jogou a toalha, mas a toalha está na mão", afirmou Pereira.

Para o consultor André Castellini, da Bain Company, adiar o terceiro aeroporto pode frear o crescimento do setor e gerar aumentos de tarifas. "A expansão é uma necessidade da aviação civil brasileira. Senão o que acontece é que vai deixar de crescer e interrompe o crescimento via aumento de tarifa, elitizando novamente", disse.

O PAC também não prevê investimentos novos no controle de tráfego aéreo, setor cuja defasagem foi reconhecida pela Aeronáutica durante a crise dos últimos meses.

Segundo o governo, o setor precisa de R$ 600 milhões ao ano em verbas orçamentárias para gerir e modernizar o controle de tráfego aéreo. No Orçamento deste ano há previsão de R$ 551,3 milhões.

A Aeronáutica não quis se manifestar sobre a exclusão no PAC. Porém, sustenta que as verbas necessárias em 2007 estão previstas e que o órgão trabalha com as metas de crescimento do setor para verbas nos próximos anos. O Ministério da Defesa não respondeu até o fechamento desta edição.

Nos últimos anos, a Aeronáutica subestimou o real crescimento do setor. Uma ampliação da infra-estrutura aeroportuária sem o devido acompanhamento da capacidade de controle aéreo pode produzir novos gargalos aéreos no país.

Fora os equipamentos dessa atividade, a Aeronáutica afirma que as instalações físicas dos Cindactas no país comportariam um fluxo aéreo três vezes maior que o atual e que boa parte dos problemas durante o caos aéreo estavam relacionados com a falta de reserva técnica de controladores.





Fonte: Folha de S. Paulo

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