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Agronegócios
Terça - 16 de Janeiro de 2007 às 13:22
Por: Márcio Uhde

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As conseqüências de uma crise nem sempre são negativas. A ela geralmente está ligado um recomeço, uma mudança de cultura e até mesmo de comportamento. A crise enfrentada pelo setor agrícola nos dois últimos anos foi drástica e prejudicial para diferentes segmentos do município de Nova Mutum, cuja economia ainda está ligada diretamente ao setor primário, mas números levantados no início deste ano, mostram que um novo cenário está surgindo, um cenário diferente, onde a diversificação de atividades no meio rural é a principal conquista.

Os dados são da Empresa Matogrossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural – EMPAER, que todos os meses levanta informações sobre a atividade agrícola local. A soja, que por vários anos imperou no reino da monocultura de Nova Mutum teve uma redução de 17% na área plantada nesta safra. Dos 350 mil hectares, caiu-se para 290 mil. Isso tudo é reflexo de uma união de três ingredientes principais: a super-produção mundial, o alto custo de produção e câmbio desfavorável. O resultado está numa negociação de dívidas com o Governo que ainda arrasta-se para um final que ninguém ainda conhece.

Na contramão da soja estão culturas que até então não eram expressivas dentro do cenário agrícola local. O milho primeira safra, que ocupa diretamente o lugar da soja na lavoura, aparece no levantamento com 5 mil hectares plantados, fato este que não foi registrado no ano anterior. Já a estimativa para o milho safrinha é de um salto de 60 mil hectares para 100 mil, num percentual de evolução na casa dos 66,66%. Esse crescimento vem causando preocupação, pois a capacidade de armazenamento que existe no município tende a ser superada em milhares de toneladas.

Ganhando espaço novamente no cenário da diversificação este ano aparece o arroz de sequeiro, que ganhou 3 mil hectares. De acordo com uma empresa de beneficiamento local, desmotivados pelos preços praticados em 2005 os agricultores não plantaram em 2006, tanto que a matéria-prima foi buscada em Sinop e Alta Floresta. Hoje, com a saca de 60kg sendo comercializada a cerca de 24 reais, o interesse voltou, mas o empecilho para uma produção maior está na dificuldade de obter financiamento para o plantio. Além de abastecer Nova Mutum a empresa pesquisada está buscando novos mercados dentro de Mato Grosso e mandando parte da produção para o Nordeste brasileiro.

As estimativas também são positivas para o sorgo que deve conquistar 5 mil hectares plantados. Assim como o milho, o referido grão tem como destino certo as fábricas de ração que atendem as cadeias produtivas de aves e suínos. O girassol, que na safra passada foi introduzido mais a título experimental, com apenas 300 hectares, desta vez chegou a 2 mil hectares plantados, num crescimento percentual inédito de 566%. A oleaginosa é a principal matéria-prima para a produção de biodiesel, combustível de origem vegetal que vem ganhando cada vez mais adeptos no Estado.

O algodão, que começou a ser plantado no município em meados de 1998 e desde então enfrentou altos e baixos, este ano deve atingir uma área histórica, com 27 mil hectares. Isso vai significar um percentual de crescimento na ordem de 47,94% com relação aos 18.250 hectares da safra passada. Até a primeira semana se janeiro já haviam sido plantados 12.000 hectares. O clima da região, aliado a tecnologia de beneficiamento, propicia um produto de qualidade superior e a maior parte da produção local tem como destino o mercado externo.

Para o presidente do Sindicato Rural de Nova Mutum, Alcindo Uggeri, esse novo cenário é positivo. “É na crise que surgem as grandes idéias, pois isso obriga o agricultor a repensar a sua atividade”, afirma. Ele é um defensor da conjugação agricultura/pecuária no sentido de aproveitar ao máximo os recursos que as atividades oferecem. Apesar desse novo contexto, Alcindo ainda teme que uma valorização da soja possa destruir essa nova realidade, mas como presidente de uma entidade sindical acredita que sua função seja alterar os agricultores para que o mesmo filme não volte a se repetir.

Dentro do contexto da diversificação, Nova Mutum ainda sai na frente quando o assunto é suinocultura e avicultura, segmentos estes que completam o ciclo de agregação de valor a matéria-prima. Com a crise da soja, aumentaram as construções de aviários e novos investimentos estão sendo feitos nas unidades de produção de leitões. A Perdigão MT quer abater 280 mil aves/dia em 2009 e o Frigorífico Excelência, que hoje abate cerca de 2.200 suínos/dia, pretende aumentar esse número gradativamente. Para que essa transformação aconteça os agricultores são peças fundamentais e a diversificação nas propriedades tona-se cada vez mais uma realidade.





Fonte: Assessoria de Imprensa

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