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Cultura
Quarta - 10 de Janeiro de 2007 às 06:43
Por: Adriana Nascimento

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Parece que este é ano em que o assunto “água” estará em evidência na capital. E em todos os setores. No ano em que a lei de recursos hídricos completa dez anos e o assunto do momento em Cuiabá é a privatização para garantir a qualidade da água oferecida à população a cultura traz uma boa notícia para o setor. Esta semana a prefeitura de Cuiabá apresentou o projeto da criação do Museu do Morro da Caixa D’água Velha, uma idéia que surgiu a partir da pesquisa de mestrado em História da jornalista e historiadora Neila Maria Souza Barreto.

O local é um reservatório subterrâneo de água construído em 1882 bem no centro de Cuiabá e que está desativado há cerca de 50 anos. A idéia, conforme Neila, é que este não seja um atrativo sem vida e sim local feito para contemplar como se abastecia a cidade de água há dois séculos e também para abrigar mostras itinerantes e eventos ligados ao meio ambiente, principalmente que disserem respeito a água. Ela conta que o morro, que sobreviveu até hoje, praticamente incomunicável e ignorado pela maioria da população cuiabana, ainda tem sua muralha preservada. No projeto, abraçado pela presidente do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Urbano (IPDU), arquiteta e primeira-dama, Adriana Bussiki, o acervo será constituído por peças, equipamentos, fotografias, vestígios e terá sua vegetação, constituída pela árvore conhecida como “orelha de negro” (utilizada para fabricação de viola de cocho), totalmente preservada.

O futuro museu fica localizado à Rua Comandante Costa na esquina da rua Alzira Santana. O local é mais conhecido por abrigar ensaios do tradicional bloco carnavalesco, Beleza Pura. Ali, há 125 anos, foi construído um reservatório com capacidade para armazenar 150 mil metros cúbicos de água. O morro recebia água pela hidráulica do Porto movida por máquina a vapor. “Essa caixa abastecia a população cuiabana de água potável por gravidade e serviu bem até 1940, quando foi inaugurada a segunda caixa d’água da cidade”, relata Neila.

Conforme Adriana Bussiki, a preservação da memória das águas torna-se imprescindível em função da decorrência gerada pelo crescimento populacional do centro urbano de Cuiabá. Este fato, em sua opinião, tornou invisíveis as paisagens urbanas da cidade que, agora, as está redescobrindo e tornando-as instrumentos geradores de novas experiências e renovação de culturas e saberes. Neila Barreto acrescenta que o museu proporcionará à comunidade conhecimento da história do saneamento em Cuiabá e preservará a memória da água na Capital, criando possibilidades de abertura para o entrosamento entre o Museu do Morro da Caixa D´Água Velha e a população cuiabana.

A historiadora conta que todo o projeto surgiu de modo natural. “Trabalhava há 27 anos na Sanecap. Com a privatização perdi o emprego. Sou formada em jornalismo, mas ninguém quer repórter velha”, brinca. “Então, resolvi fazer mestrado em História. Como sempre trabalhei com água achei pertinente colocar o assunto dentro do trabalho. Assim, pesquisei a evolução do tema entre 1790 e 1886 e encontrei este local fascinante esquecido. No local achei arcos que lembram aquedutos romanos que valem a pena serem vistos e conhecidos pela população”, revela.

As obras do Museu foram lançadas no último dia 8 e a conclusão tem previsão de ocorrer em 90 dias. Os recursos são da ordem de R$ 337.0762,46 e o local ficará sob o comando da secretaria municipal de Cultura.




Fonte: Diário de Cuiabá

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