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Meio Ambiente
Sábado - 06 de Janeiro de 2007 às 09:53

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O aquecimento global pode beneficiar o norte da Europa, mas o mesmo não acontecerá com os países mediterrâneos, que sofrerão com a escassez de água e uma forte queda do turismo por volta de meados deste século.

Essas são as previsões do estudo mais completo realizado até agora a respeito dos efeitos da mudança climática sobre o continente europeu, que será submetido à aprovação da Comissão Européia (CE) - braço executivo da União Européia (UE) - na semana que vem.

Como conseqüência do efeito estufa descontrolado, menos pessoas do norte da Europa morrerão de frio do que atualmente, e a costa do Mar do Norte pode se transformar em uma nova "Riviera", afirma o relatório, que vazou para o jornal "Financial Times".

Também acabariam as migrações anuais dos ricos europeus do norte em direção ao sul, o que teria, por sua vez, conseqüências dramáticas para países que são destinos turísticos, como Espanha, Grécia e Itália.

Um sexto dos turistas do mundo - 100 milhões de pessoas por ano - habitualmente viaja para o sul durante suas férias e gasta lá cerca de 100 bilhões de euros.

"Quanto mais turistas ficarem em casa ou escolherem outros destinos, maior será o impacto distributivo sobre a Europa", afirma o documento a que o jornal britânico teve acesso.

Enquanto no norte menos pessoas morrerão de frio, ocorrerá o contrário no sul, onde dezenas de milhares de pessoas não resistirão aos efeitos do calor. Além disso, a desertificação e a ocorrência de incêndios aumentarão.

Se o aumento das temperaturas for de 3 graus Celsius, o número anual de mortes em decorrência do calor crescerá em 87 mil até 2071, segundo os cálculos dos especialistas.

Caso os esforços para reduzir as emissões dos gases do efeito estufa consigam limitar o aumento das temperaturas a 2,2 graus Celsius, a alta no número de mortos seria de 36 mil por ano.

No pior dos casos, o nível do mar pode aumentar em até um metro, o que obrigaria a construção de defesas litorâneas, diz o estudo, segundo o qual esse tipo de medida pode contribuir para economizar dois terços dos custos econômicos desse fenômeno.

De acordo com o cenário mais otimista - um aumento de apenas 2.2 graus Celsius das temperaturas - o custo econômico total seria de 4,4 bilhões de euros até 2020, em comparação com os 5,9 bilhões de euros no caso mais extremo, o que elevaria o custo a 42,5 bilhões de euros até 2080.

Outras conseqüências do aquecimento global seriam a acidificação dos oceanos, o que afetaria a pesca, e uma intensificação tanto das secas quanto das inundações, o que teria graves conseqüências humanas e econômicas.

O alarmante relatório foi preparado pela diretoria para o meio ambiente da CE com dados do serviço de observação por satélite do bloco.

A publicação do relatório, prevista para a semana que vem, coincidirá com a presença em Washington do presidente da CE, José Manuel Barroso, que tentará convencer o presidente George W. Bush a apoiar um mecanismo de troca mundial de emissões de dióxido de carbono como o defendido pelos europeus.

Os autores do estudo chegaram à conclusão de que reduzir as emissões dos gases do efeito estufa em 25% custaria apenas 0,19% do Produto Interno Bruto anual da UE, o que consideram totalmente viável.

Incertezas Apesar do relatório europeu, no entanto, não existem certezas absolutas quando o assunto é aquecimento global. Pode ser que, paradoxalmente, o norte do continente fique mais frio, e não mais quente, com o fenômeno.

A razão é a corrente do Golfo, um sistema de transporte de água marinha quente que parte do golfo do México e hoje aquece todo o noroeste europeu, da França e do Reino Unido à Escandinávia. O derretimento de geleiras causado pelo aquecimento global poderia mudar o equilíbrio entre água mais e menos salgada que gera a corrente do Golfo, fazendo-a perder força e diminuindo sua capacidade de aquecer essas regiões da Europa. Ainda é difícil dizer o que acontecerá.





Fonte: G1

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