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Politica Brasil
Sábado - 30 de Dezembro de 2006 às 13:26

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O governador mato-grossense Blairo Maggi, que até o dia 15 de janeiro promete trocar o PPS pelo PSB ou PR (antino PL) assume o seu segundo mandato nesta segunda-feira, com objetivos definidos: manter a estabilidade econômica do Estado, construir mais estradas, fortalecer a parceria com os municípios e vigiar mais os projetos e gastos destinados ao setor educacional.

No meio da semana, Maggi conversou por duas horas com a imprensa de Cuiabá, período em que narrou seus planos, resultados da primeira administração, aproximação de Lula e disse ainda que não tem ambições políticas e até admitiu deixar a política em 2010.

Contudo, concordou que já trabalha um projeto pensando em nomes de eventuais substituitos. Tanto que nomeou Luiz Pagot, seu braço forte no governo, para chefiar a Secretaria de Educação.

Blairo Maggi disse ainda ter comandado o Estado como se comanda uma empresa e deu nota 8 aos seus primeiros quatro anos como governador.

Eis os principais trechos da entrevista que contou com a partipação da reportagem do Midianews.

Assim que assumiu seu mandato, em 2003, houve opositores dizendo que o senhor planejava dominar o Estado como se fosse uma empresa. Isso realmente aconteceu e o senhor acha que deu certo?

Blairo Maggi - - Quem tem de tar essa resposta já deu. Foi a população. Sessenta e cinco por cento dos eleitores votaram em nossos projetos. Isso demonstra que estamos no rumo correto.

Pode citar um exemplo administrativo aplicado em governos anteriores e o praticado agora, pela sua gestão

Maggi - Veja só: quatro anos atrás, o governo estadual desembolsava R$ 10 por uma etapa alimentação de um preso. Hoje, quatro anos depois, essa mesma etapa, custa R$ 4. Eliminamos gastos excessivos. Os recursos públicos eram todos pulverizados. Hoje, não. É administrado em uma conta só. Não devemos para ninguém, não emprestamos dinheiro de ninguém. Resultado: em quatro anos pavimentamos 2 mil quilômetros de estradas. Nos 8 últimos anos do antigo governo, foram asfaltados apenas 300 quilômetros de estradas.

Quando assumiu o governo, em 2003, tinha poucos aliados, certo?

Maggi - Começamos um mandato em 2003 com seis deputados na Assembléia Legislativa e terminamos com o apoio de, no mínimo, 20. O que podemos dizer é que pela primeira vez foi construído uma maioria na Assembléia de uma forma diferente. Como eu não tinha essa maioria no inicio, eu fiz uma opção de construí-la por meio daqueles com os quais eu estava trabalhando, que eram os prefeitos. Então nós começamos um governo com muitas ações e muitas obras e fizemos com que os próprios prefeitos facilitassem esse caminhos na composição da Assembléia Legislativa. Obviamente também houve deputados que se apresentaram para o trabalho sem nenhum tipo de troca de negociação para o bem do desenvolvimento do Mato Grosso. Foi construída uma maioria na AL e nós não tivemos nenhum problema durante esses quatro anos.

Então conquistou o apoio dos parlamentares somente com mobilizações políticas?

Maggi - Só, apenas esforço político. Obviamente que os resultados que obtivemos das políticas e dos programas implantados no estado vieram dos próprios parlamentares que quiseram ficar próximos do governo. Trabalhamos muito, fizemos muitas obras. A quantidade de obras que fizemos nesses quatro anos é algo sem precedente.

É por isso que vai continuar com as mobilizações envolvendo as prefeituras?

Maggi - Porque foram eles que trouxeram os parlamentares para próximo do governo. Porque quando eu comecei a trabalhar diretamente com os municípios e os resultados começaram a aparecer, houve casos de parlamentares que fizeram críticas ao governo e foram chamados a atenção pelos próprios companheiros. Esse foi um dos caminhos que nós construímos essa maioria na AL.

O senhor não teme reduzir sua base na Assembléia nesse seu segundo mandato?

Maggi - É possível. Nós fizemos uma coligação para a eleição, não construímos uma coligação para gerenciamento do estado. Então temos que separar as duas partes, nós vencemos com 20 parlamentares, ampliamos com mais dois que eram do PP, são do nosso apoio do governo federal e ficamos com 22. Entretanto, eu não sei qual será o comportamento de cada parlamentar individualmente, por isso eu digo que é possível ter uma perda de alguns parlamentares nesse primeiro momento e eu preciso trabalhar essa hipótese. Por isso digo: o nosso governo é um governo municipalista. Vamos continuar da mesma forma. Vou intensificar ainda mais.

Os deputados se mobilizam para tirar um percentual do Fethab, projeto do governo cuja arrecadação é destinada a construção de casas e estadual. O que acha disso?

Maggi - Vou vetar. Vou fazer uma reunião com eles, mas já decidi que vou vetar. O Estado não tem condições de abrir mão da única receita que tem. Sem esse recurso, não tem como aproximar regiões que estão em desvantagem com as outras. Como é que vou construir estradas lá nos municípios de Apiacás, Paranaíta, Colniza? O projeto do governo é diminuir essas diferenças sociais. Cortar 30% do Fethab seria hoje bom para os municípios, mas ruim para o Estado.

E como pretende convencer a Assembléia?

Maggi - O governo precisa trabalhar olhando para todo mundo. É preciso tirar de quem tem para repassar a quem não tem.

A Assembléia aprovou recentemente suas contas, mas também criou uma auditoria para apurar supostas irregularidades na Secretaria de Educação, como vê isso?

Maggi - O Tribunal de Contas já aprovou as contas da Educação. Tem questões políticas aí no meio. Conversei com os parlamentares e disse que o procedimento não estava correto. Acho que a Assembléia tem o direito de vistoriar as contas. Agora, vejo inconstitucionalidade nisso, já o Tribunal de Contas já aprovou a administração da secretaria. Mas as informações estão aí e podem ser vistas.

O setor educacional do seu governo sofreu seguidos ataques. O senhor acha que o setor não evoluiu?

Maggi - Avançou bastante. Existe muitos interesses nessa área. Só tenho a elogiar a secretária Ana Carla. O problema da Educação no Estado é crônico: uma é a educacional e a outra refere-se a estrutura. Na estrutura, que é a construção de escolas, resolvemos. Agora, na gestão educacional, não adianta culpar só a secretaria. O estado tem feito esforço para melhorar a qualidade de ensino. A sociedade quer agora de volta o que investimos nos professores.

A secretaria Ana Carla (Educação) está deixando seu governo por pressão?

Maggi - Deixei claro a secretaria que ela não continuaria mais no cargo por uma questão política. Não significa pressão política. O deputado estadual Percival Muniz (marido de Carla) e o deputado Riva (José Riva, aliado do governo) não se entendem. Não se entenderam agora e não vão se entender na Assembléia. Eu não posso ter no meu secretariado a esposa de um deputado que vai estar em conflito permanente. Vai sobrar para quem? Para o governo. Fui claro com a secretária: pelo seu trabalho, você fica no governo. Mas pela eleição de seu marido, não dá. Falei isso para ele também.

Por que Riva não gosta de Percival?

Maggi - Isso é com eles.

Vai haver mudanças no repasse de recursos para a Assembléia?

Maggi - Quando assumi o governo a Assembléia Legislativa consumia 6,5% da receita corrente líquida do Estado. Hoje, o repasse é de menos de 2,2%. Este ano acertamos que nos próximos 3 anos, a AL não terá nenhum reajuste. Fiz um acordo político. E no quarto ano, vai haver uma redução no repasse . Assim que vai ser: o que foi repassado neste ano será o mesmo a ser repassado no ano de 2007, 2008, 2009 e, em 2010, deve haver uma redução. A Assembléia recebe anualmente R$ 159 milhões.

Como quem fechou o acordo?

Maggi - Com o presidente (Silval Barbosa, que agora é vice-governador), primeiro secretário (José Riva) e o primeiro vice-presidente (Zeca D'Ávila).

O senhor acha que a Assembléia mantém o acordo?

Maggi - Na política vivemos de acordo político. Espero que eles cumpram. O que vocês (imprensa) escrevem aí é que é muito dinheiro repassado para a Assembléia. A sociedade diz isso também. Chegou um ponto que eles (deputados) acharam também que a Assembléia Legislativa recebe muito.

Houve troca de favores, uma recompensa aos deputados?

Maggi - Não. Destinei 24 milhões que vão custear a obras que os parlamentares vão fazer suas indicações. É mais ou menos assim: deteminado deputado diz que precisa ser construída uma quadra poliesportiva em lugar tal, aí o governo constrói. Mas isso dentro do orçamento já previsto. O deputado pode escolher o local da obra aonde for interessante politicamente para ele. O esquema de destinar recurso as propostas dos deputados já existia. E eram disponibilizados R$ 1,5 milhão para cada parlamentar. Agora, o orçamento é de R$ 1 milhão. Para cada região existe um orçamento definido.

Então, além de cortar o orçamento da Assembléia, houve corte de R$ 500 mil para as emendas propostas pelos deputados, certo? E eles aceitaram isso?

Maggi - Aceitaram numa boa.

O senhor prometeu mais benefícios aos deputados?

Maggi - Não

Essa aproximação com o presidente Lula tem algo a ver com suas ambições políticas?

Maggi - Não tenho ambição política

Tem um projeto político?

Maggi - Não vou trabalhar um projeto nacional, não sei o que fazer depois do meu segundo mandato, em 2010; Posso até deixar a política

O senhor contrariou o comando nacional do PPS para apoiar Lula no segundo turno. Lula fez promessas para o senhor?

Maggi - o presidente já assegurou recursos para mato grosso. E isso vai ser cumprido indepentemente do partido que vou ingressar, o PSB, ou o PR (antigo PL).

Houve erros em seu governo?

Maggi - Não sei avaliar se nós tivemos erros. A avaliação política para mim é a melhor possível.

No segundo mandato vai priorizar a infra-estrutura?

Maggi - Vamos continuar no mesmo ritmo nas questões da infra-estrutura, mas vamos dar uma ênfase maior no setor educacional. Isso não quer dizer mais dinheiro no setor, até porque não tem de onde tirar mais. Estamos criando uma setor de política extraordinária educacional. A idéia é fazer com que todas as áreas saibam o que estão fazendo, aonde estão aplicando o dinheiro, enfim.

O senhor vê mais facilidade em comandar o Estado nos próximos quatro anos?

Maggi - Espero que eu tenha mais folga financeira do que eu tive nesses últimos quatro anos. Porque foi um sacrifício danado nos dois últimos anos a ponto de pedir muitas vezes paciência para o Waldir Teis (Secretário de Fazenda). Ele não aguentava mais, todo dia, uma briga. O Estado precisando de recursos, a economia em queda. Esse ano nós fizemos uma economia de R$ 500 milhões, com corte de despesas. Para 2007 aguardamos um orçamento bem mais real.

A relação do seu governo com o Ministério Público, instituição considerada muitas vezes como o "calcanhar de aquiles" dos governos?

Maggi - O Ministério Público tme razão quando reclama que tem ficado para trãs na questão dos investimentos para acompanhar o Tribunal de Justiça. Só que eu não posso fazer tudo de uma vez. Tenho de cuidar um pouco de cada coisa. Foi dada uma atenção especial à Justiça, foram abertas mais de 30 comarcas, foi feito concurso para juízes, então agora chegou a hora de o Tribunal entender que el precisa marchar um pouco parado enquanto a gente puxa o Ministério Público. Depois temos que puxar a Defensoria Pública e os delegados, porque a Justiça só funciona com todo mundo junto. Não adianta só ter juiz se não tem o promotor, se não tem o defensor público.

O senhor recebe duras críticas tanto da mídia nacional quanto internacional quanto a questão ambiental. Como vê isso?

Maggi - Os lá de fora olham o Mato Grosso e o Brasil como se a gente não pudesse mexer em nada. Você não pode derrubar para plantar soja, para criar boi, não pode fazer nada. Eles não entendem nem a geografia brasileira. Dizem que o território amazônico se encontra no sul e por ai vai. Se vocês pegarem os dados de desmatamento vocês vão ver que de 1994 a 2004 todos os anos teve aumento no desmatamento. Foi um processo de ocupação. Não é porque Blairo Maggi chegou no governo que o Estado se abriu.





Fonte: Midia News

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