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Sábado - 23 de Dezembro de 2006 às 15:38
Por: Sérgio Édison

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É profundamente lamentável o atentado contra o jornalista Wagner Zanan, cuja residência foi atingida por dois tiros de arma de fogo. O fato, além da ameaça contra o repórter e apresentador da TV Cidade SBT e sua família, representa também uma agressão explícita contra toda a imprensa profissional de Sorriso.

Na verdade, os projéteis trazem consigo a mensagem insólita de representantes do caudilhismo que impera em Sorriso neste momento. Essa violência advém de pessoas que praticam uma espécie de “culto à personalidade” na vã tentativa de conter o novo para aumentar sua riqueza e promover seus próprios interesses.

É obrigatório que os setores honestos e responsáveis de nossas polícias e o Ministério Publico promovam uma profunda investigação para chegar aos responsáveis pelo ato vil e covarde. E que o Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) cobrem das autoridades competentes a apuração e esclarecimentos devidos. Aos bastardos que encomendaram e executaram vale lembrar que o jornalista Wagner Zanan tem esposa e é pai de três filhas. Um desses projéteis poderia ter atingido um desses familiares que nada tem a ver com os comentários do jornalista, normalmente contra os desmandos que dominam o cotidiano político local.

Por sorte, as balas apenas romperam as paredes de madeira, caindo caprichosamente sobre a cama do casal. Alíás, se depender da vontade de algumas lideranças locais mais exaltadas “jornalista bom é o jornalista morto”. Quase como nos velhos faroestes, onde se dizia que “índio bom é índio morto”.

E Sorriso não está muito longe dessa realidade. Devido aos comentários – muito mais brandos que os de Wagner Zanan –, também sou vítima constante de ameaças. No meu caso, por e-mail ou telefone. Uns mais educados. Outros mais exaltados. E todos com promessa de agressão. Tanto que desisti do telefone convencional para utilizar apenas o celular, cujo número poucos conhecem.

Ainda durante a campanha política deste ano recebi em minha residência uma inusitada visita por volta das nove horas de uma bucólica e ensolarada manhã de quarta-feira. Recém-acordado, preferi a espreita pela fresta da janela. Lá fora, uma figurinha carimbada que tem a “segurança” por profissão. Um sujeito pago com recursos públicos e que deveria estar zelando pela nossa integridade física, e não tentando o contrário.

E não é apenas a imprensa que está sendo acuada em Sorriso. Há informações – não confirmadas – de que um importante funcionário do Judiciário local teve o seu veículo totalmente riscado. Também teria sido encontrado nos arredores um artefato explosivo. Neste caso, volto a dizer, trata-se de informação que carece de apuração. O problema é que alguns pioneiros bombachudos e seus lacaios ainda pensam que estão na Sorriso de 20, 30 anos atrás, quando era comum a conquista de terras na bala e na ponta da faca.

São as mesmas pessoas que, hoje, lutam contra o crescimento econômico e social de Sorriso. Querem manter economia e demografia do tamanho que estão porque lhes é conveniente. Temem a perda do mando e desmando em um território que consideram apenas seu. Tanto que “sorrisenses” para essas mentes toscas e foscas são apenas aqueles moradores estabelecidos há mais de uma década no município. Menos que isso, é nada mais que algum intrometido visitante de passagem. Não tenho os dados de 2006. Mas, em 2005 foram assassinados no planeta 63 jornalistas. Em média, dois jornalistas são presos diariamente por tentarem fazer seu trabalho.

E para que Sorriso não entre nas estatísticas, é urgente e fundamental que aqueles que dirigem a segurança pública em seus diferentes níveis tomem medidas responsáveis e eficazes contra o crime que tentou ceifar a vida de Zanan. É importante lembrar que a imprensa livre sempre esteve alinhada às grandes causas da cidadania.

Ao jornalista cabe a sagrada missão de informar e garantir a liberdade de expressão. E sem liberdade, a verdade não aparece.

*Sérgio Édison é jornalista profissional em Sorriso e diretor do site de notícias ClicHoje





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