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Meio Ambiente
Domingo - 17 de Dezembro de 2006 às 12:50

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Nilffo Wandscheer é uma referência na organização da sociedade civil no norte do estado de Mato Grosso. Como presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lucas do Rio Verde (MT), ele lidera diversos movimentos na luta pelo desenvolvimento sustentável na área de influência da rodovia BR-163, que liga Cuiabá a Santarém (PA), uma rota de escoamento da soja.

A entidade venceu o prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente, conferido pelo Ministério do Meio Ambiente a organizações e lideranças sociais envolvidos com a questão sócio-ambiental no Brasil.

Em entrevista à Agência Brasil, Wandscheer fala de seu trabalho, que começou há 36 anos, na militância da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Campo Erê, Santa Catarina.

“Naquela época, sob a ameaça permanente de perseguição pelos militares e pelos fazendeiros, acompanhávamos os sem-terra em ocupações de latifúndios do oeste de Santa Catarina, na região de Chapecó”.

Na luta pela terra naquela região, foram inúmeros os assentamentos que ele ajudou a conquistar e a consolidar, dentre eles, os que resultaram da ocupação da Fazenda Taborda.O movimento se estendeu pelo oeste do estado, abrangendo os municípios de Abelardo Luz, Fraiburgo, Lebom Regis, Campos Novos e Matos Costa.

Wandscheer é o mais velho dos seis irmãos de uma família de agricultores que não tinham terra para plantar. “O jeito foi entrar na luta e conquistar a terra para meus irmãos terem onde trabalhar”, conta ele, que foi eleito duas vezes vereador pelo PT em Campo Erê e nomeado secretário da Agricultura do município de Santa Terezinha do Progresso (SC).

Endividado como pequeno suinocultor no oeste de Santa Catarina, em 1998 ele entregou a propriedade para pagar as dividas com o banco e com a cooperativa de produtores.

A alternativa foi mudar para o norte de Mato Grosso, onde ainda havia terra em abundância. Chegou com a família em Nova Mutum para trabalhar em uma granja de suinocultura. Em seguida, mudou-se para Lucas do Rio do Rio Verde, onde trabalhava de operador de máquinas agrícolas para grandes proprietários da região.“Ali tive a oportunidade de conhecer melhor a realidade dos trabalhadores rurais da região e me filiar ao sindicato”.

Em março de 1999, acompanhou a ocupação da gleba Ribeirão Grande no município de Nova Mutum, terras públicas próximas à BR-163, griladas por procuradores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Mato Grosso. “Essa ação me rendeu diversos processos que respondo até hoje”, diz, acrescentando que hoje há 59 famílias assentadas na gleba.

Em 2001, foi eleito vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lucas do Rio Verde. Em 2002, assumiu a presidência da entidade, após a renúncia do titular.

Em 2004 participou da criação do Grupo de Trabalho Amazônico, uma rede que reúne mais de 60 organizações da sociedade civil dos nove estados da região Amazônica.

A rede, que conta com 18 escritórios regionais, tem sede nacional em Brasília. A coordenação da regional norte de Mato Grosso está a cargo de Wandscheer.

Entre as ações que desenvolve, ele destaca o combate ao trabalho escravo na região, as denúncias de desmatamentos ilegais e a continuidade dos processos de retomadas de terras públicas para assentamentos de trabalhadores sem terra ligados ao sindicato.

Essas batalhas renderam diversas ameaças de morte ao líder sindical, que pediu proteção à vida à Secretaria de Segurança Pública do Estado do Mato Grosso.

Ele também acompanhou a discussão sobre o asfaltamento da BR-163 e reivindicou a participação de pequenos agricultores no projeto, que originalmente incluía apenas grandes empresários do agronegócio. Com o apoio do Instituto Sócio Ambiental, o grupo conseguiu incluir na pauta de discussões a questão sócio-econômica e ambiental, contemplando pequenos agricultores, indígenas e populações tradicionais ribeirinhas da Amazônia.

“Esse foi o primeiro projeto no Brasil e no mundo no qual uma grande obra de infra-estrutura teve a participação ativa da sociedade civil organizada em sua concepção”, conta.

Ele também se destacou na batalha contra o uso indiscriminado de agrotóxicos na região. O sindicato, junto com outras entidades da sociedade civil de Lucas do Rio Verde, encabeçou, em março, a denúncia ao Ministério Público sobre a pulverização com agrotóxicos que a cidade sofreu.

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lucas do Rio Verde foi o primeiro colocado na categoria de Associação Comunitária e Nilffo Wandscheer, o segundo colocado na categoria Liderança Individual.





Fonte: Olhar Direto

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