Publicidade
Repórter News - www.reporternews.com.br
Agronegócios
Quinta - 14 de Dezembro de 2006 às 09:46

    Imprimir


O Brasil deve aproveitar seu programa de exploração da Antártida para estudar as aves migratórias que chegam daquele continente e, assim, prevenir-se contra um eventual ingresso em território nacional do vírus H5N1, da gripe aviária. Essa sugestão foi feita pelo ornitólogo Martin Sander, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), durante audiência pública realizada nesta terça-feira pelas comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; e de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.

De acordo com Sander, é importante coletar na própria Antártida amostras das espécies de aves migratórias que chegam ao País, pois a rota de migração aviária do hemisfério Sul, que passa pela Austrália, Nova Zelândia, sul da África, Patagônia e Antártida, é a mais perigosa para o Brasil. Portas de entrada

O professor Joel Meyer, integrante do grupo de Influenza Aviária da Universidade de Campinas (Unicamp), reforçou a proposta de Sander. Meyer disse que, das duas possíveis "portas de entrada" do vírus por meio de aves migratórias, a da Antártida é a mais ameaçadora.

"A outra 'porta' é a que vem do Alasca, atravessando as Américas, mas por essa rota o vírus seria detectado antes, no Canadá, ou nos Estados Unidos, ou ainda na América Central, e o Brasil teria um aviso prévio", afirmou. "Já no caso da rota da Antártida não haveria aviso prévio, e só saberíamos da chegada do vírus quando ele já estivesse em território nacional", acrescentou Meyer.

Segundo ele, o custo do estudo das aves migratórias na Antártida ficaria em torno de R$ 1,5 milhão por dois anos de trabalho.

O analista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Sílvio Evangelista concordou com a necessidade de monitorar as aves migratórias na Antártida, mas observou que o fato de a avicultura brasileira ser quase toda industrializada diferencia o Brasil de outros países nos quais o vírus se espalhou rapidamente. "No Brasil, se surgir um foco do vírus será possível segurá-lo e evitar seu alastramento", acredita Evangelista.

Patrimônio relevante

O representante da União Brasileira de Avicultura (UBA), João Tomelin, pediu mais recursos, tanto financeiros quanto humanos, para reforçar as ações do Programa Nacional de Sanidade Avícola. "É necessário proteger o patrimônio da avicultura brasileira, que é muito grande", disse Tomelin.

Segundo a UBA, a produção brasileira de carne de aves está em torno de 10 milhões de toneladas por ano (18,5% de toda a produção mundial), e as exportações já se aproximam dos quatro milhões de toneladas por ano (45% de todo o comércio mundial). A receita de exportação atinge US$ 6 bilhões - o equivalente a cerca de R$ 12,9 bilhões.

O coordenador do grupo de Influenza Aviária da Universidade de Campinas (Unicamp), João Frederico Meyer, ressaltou que o Brasil precisa estar preparado, pois a produção de aves representa 1,5% do PIB, gera 800 mil empregos diretos e quatro milhões de empregos indiretos. "Se o vírus chegasse, as conseqüências sócio-econômicas seriam muito graves", disse o pesquisador. (fonte: Agência Câmara)





Fonte: Agência Câmara

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/254354/visualizar/