Publicidade
Repórter News - www.reporternews.com.br
Nacional
Segunda - 11 de Dezembro de 2006 às 09:03

    Imprimir




São Paulo, 11 - O usineiro Rubens Ometto, controlador do grupo Cosan, se incomoda quando é chamado de megalomaníaco ou visionário. Na sua cabeça, ele é apenas um homem muito planejado. Mas os planos do dono da maior usina de açúcar e álcool do mundo são, no mínimo, ousados. Nos próximos oito anos, ele pretende dobrar a sua já gigantesca capacidade de produção (40 milhões de toneladas/ano) e alcançar 20% das vendas de açúcar e álcool do País.

Para atingir essa meta, a Cosan vai abrir uma nova frente de crescimento. Além de continuar comprando outras usinas, o que lhe deu uma forte musculatura até aqui, a empresa vai montar bases comerciais e até de produção fora do Brasil

Usinas de álcool nos Estados Unidos e de açúcar na Índia, dois dos maiores produtores e consumidores mundiais, fazem parte do projeto de internacionalização da empresa, revelou Ometto ao Estado. "Nos EUA, minha idéia não é nem ser muito grande. Se eu chegar grande, vou apanhar e perder dinheiro. E eu não gosto de perder", diz o empresário que aos 16 anos já vendia letra de câmbio em Piracicaba, interior de São Paulo. "Tenho certeza de que vamos ter oportunidades fora do Brasil. Só não tenho hoje porque ainda não estou."

A internacionalização das usinas brasileiras é considerada uma conseqüência natural do avanço tecnológico das empresas brasileiras. "Elas passaram por uma grande transformação na última década. As que eram mal geridas foram fechadas ou vendidas. Quem sobrou tem tecnologia e capacidade de competir no mercado internacional", afirma André Pessoa, sócio da consultoria agrícola Agroconsult.

As empresas brasileiras já começaram a dar os primeiros passos nessa direção. A Crystalsev (que vende açúcar e álcool no exterior) é sócia da Cargill numa desidratadora de álcool em El Salvador e numa refinaria de açúcar (em construção) na Síria.

O empresário Luiz Carlos Carvalho, sócio da usina Alto Alegre, é outro que já anunciou que vai construir uma usina de álcool nos EUA. "O Brasil tem 43% das exportações de açúcar e 53% das vendas de álcool do mundo. Um País como esse não pode se isolar apenas como fornecedor", diz Plínio Nastari, diretor da consultoria Datagro.

O movimento contrário, de produtores estrangeiros vindo para o Brasil, já começou a ocorrer. E a tendência é só aumentar. Pelos cálculos da Datagro, a moagem de cana controlada direta ou indiretamente pelos grupos estrangeiros foi de 19,6 milhões de toneladas, o que representa 4,6% do volume total da safra 2006/2007. "Há poucos anos, o número era zero. Em cinco a sete anos, o percentual pode chegar a 12%", acredita Nastari.

Capital

A própria Cosan, que tem como sócios os franceses da Tereos e da Sucden e os chineses da Kuok, espera aumentar a participação dos estrangeiros nas usinas. O capital externo vai ajudar a financiar os planos da companhia. A empresa prevê também o lançamento de American Depositary Receipts (ADRs) na Bolsa de Nova York.

A oferta das ações na Bovespa no final do ano passado foi considerada um sucesso no mercado financeiro. Ela deixou o grupo bem capitalizado. A Cosan captou US$ 403 milhões em ações e US$ 450 milhões em bônus perpétuos.

O alto endividamento, gerado sobretudo pelas aquisições (foram 20 até agora), hoje está sob controle, diz a Cosan. Em 31 de julho, após todas as aquisições, a dívida estava em R$ 860 milhões, constituída principalmente por bônus perpétuos.

A Cosan reduziu o ritmo de aquisições, mas não desistiu de acelerar seu crescimento por meio delas. "Estamos sempre negociando cinco ou seis usinas. Sempre aparecem empresas com má gestão, problemas familiares e dificuldades financeiras", diz Ometto. "Nós só diminuímos o ritmo porque o preço estava alto."

Segundo o analista da Link Corretora, João Ribeiro, o valor de mercado das usinas já caiu sensivelmente de 2005 para 2006, mas ainda está alto comparado ao que a Cosan estava acostumada a pagar. "A usina mais cara comprada por eles foi a Corona - US$ 42 por tonelada. Hoje é difícil encontrar oportunidades por US$ 50", diz Ribeiro. "O retorno para o investidor tem caído, o que o torna um potencial vendedor. Acho possível que o preço das usinas baixe ainda mais. Isso, porém, não vai acontecer tão rápido. E o preço não vai cair tanto."





Fonte: Agência de Notícias

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/255036/visualizar/