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Internacional
Segunda - 11 de Dezembro de 2006 às 08:14

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Santiago - O secretário de Governo, Ricardo Lagos Weber, anunciou ontem que o general reformado Augusto Pinochet Ugarte não terá um funeral de chefe de Estado, mas com honras militares. Segundo Lagos, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, não vai comparecer ao velório e será representada pela ministra da Defesa, Vivianne Blanlot. O pai da presidente, o general da Força Aérea Alberto Bachelet Martinez, foi torturado e morto em 1973, após o golpe. A hoje presidente chilena também chegou a ser detida num centro de tortura do regime e acabou sendo obrigada a se exilar. Na semana passada, Bachelet havia dito que comparecer ao funeral de Pinochet a violentaria.

Pinochet, que comandou o regime militar no Chile entre 1973 e 1990, morreu ontem às 14h15 no Hospital Militar de Santiago. Ele tinha 91 anos. Cerca de 4 mil pessoas saíram às ruas da capital para comemorar a morte do general, concentrando-se na Praça Itália e na frente do Palácio La Moneda, sede do governo. Houve confrontos na capital chilena quando a polícia tentou barrar os manifestantes que comemoravam a morte de Pinochet de avançarem pela Alameda, a principal avenida de Santiago. Os policiais usaram jatos d'água e bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes que se concentravam em frente ao palácio presidencial e eles responderam com pedras e garrafas.

A aproximadamente vinte quarteirões dali, milhares de simpatizantes de Pinochet, principalmente mulheres, se reuniram na frente do Hospital Militar para prestar a última homenagem ao ex-ditador. Muitos deles lembravam o progresso econômico que marcou o seu governo. Ao abrir a economia chilena, promover privatizações e incentivar a entrada de capital estrangeiro, Pinochet criou as bases para transformar o Chile no país mais próspero da América Latina.

Era Pinochet

A era Pinochet teve início em 11 de setembro de 1973, quando o Exército atacou o Palácio de la Moneda, com tanques e bombardeios aéreos, depois de tomar a cidade de Valparaíso, no litoral, para onde havia sido transferido o Congresso. No ataque, morreu o presidente Salvador Allende, o primeiro chefe de Estado de esquerda eleito pelo voto. Allende suicidou-se depois de resistir armado ao golpe.

Em 1988, foi realizado um plebiscito nacional previsto pela Constituição de 1980, no qual se a população votasse contra o regime militar, Pinochet deveria convocar eleições em até um ano. O plebiscito rejeitou o governo militar e as eleições que se seguiram deram vitória à oposição de esquerda.

No fim da vida, o general chegou a ser processado por crimes cometidos durante a sua ditadura e também por corrupção. Ele estava respondendo a 17 processos e o fato de morrer sem ouvir uma condenação final em nenhum deles revolta militantes da esquerda e familiares das vítimas de seu regime.

Pinochet estava em prisão domiciliar desde novembro por ter sido considerado responsável pela morte de duas pessoas na operação militar Caravana da Morte, em 1973. Porém, logo depois da sua internação, uma corte de apelação lhe concedeu liberdade provisória. Por causa dos problemas de saúde nos últimos anos, o ex-ditador livrou-se da humilhação de sentar-se no banco dos réus e ouvir o veredicto de condenado pelos crimes que patrocinou.





Fonte: Agência de Notícias

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