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Internacional
Sábado - 09 de Dezembro de 2006 às 22:41

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O "banqueiro dos pobres" bengalês, Muhammad Yunus, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2006 com o Banco Grameen, disse hoje em Oslo que a propriedade privada é um meio essencial para erradicar a pobreza no mundo.

Em entrevista coletiva em Oslo, o professor de economia afirmou que a idéia que sustenta seu sistema de microcréditos e o Banco Grameen é que a propriedade acionária é atribuída aos pobres.

"Os pobres são os donos do banco", disse Yunus, acrescentando que "a propriedade é essencial" para erradicar a pobreza, e que é "importante ser proprietário de um negócio, de uma instituição".

Esse ponto de vista gerou animosidade dos grupos de esquerda de seu país, que o vêem como um defensor fervoroso do modelo capitalista.

"A esquerda radical disse que estamos plantando as sementes do capitalismo e nos odeiam porque dizem que destruímos qualquer possibilidade de revolução social", afirmou o Nobel da Paz.

As idéias de Yunus também foram muito criticadas no começo pelos islamitas, que não compreenderam a necessidade de transformar a mulher muçulmana em trabalhadora e contribuinte para a riqueza familiar.

"No começo, sofremos uma grande oposição religiosa que nos acusava de destruir o Islã", porque diziam "que as mulheres tinham que continuar sendo donas de casa", afirmou.

O professor, de 66 anos e muçulmano, respondeu que a mulher empresária deveria ser um orgulho coletivo.

"As mulheres querem construir o futuro mais rápido que os homens, fazem muito com o pouco dinheiro que têm e contribuem mais para a riqueza familiar", disse.

Yunus, doutor pela Universidade de Vanderbilt (Tennessee, EUA), disse que o obstáculo religioso está sendo superado, como confirma a expansão do Banco Grameen em países como Egito, Arábia Saudita, Indonésia e Paquistão.

O Banco Grameen, com 7 milhões de clientes, 97% deles mulheres, beneficia 80% das famílias pobres do país asiático e 100 milhões no mundo inteiro, disse Yunus, que manifestou seu objetivo de conseguir cobrir 100% da população necessitada de Bangladesh até 2010.

Por outro lado, disse que "a pobreza é uma ameaça para a paz" e que o sistema de microcréditos que projetou nos anos 70 é um veículo para reduzi-la, embora não seja o único.

Yunus também desejou que a pobreza seja no futuro uma relíquia do passado e que, conforme os países se desenvolvam economicamente, seus exemplos sirvam para expor um "museu global da pobreza".

Para conseguir isso, o vencedor do Nobel da Paz fez um apelo para os bancos em geral incluírem "todos, pobres e mendigos", em seus empréstimos.

"Os bancos deveriam abrir suas portas aos pobres, que são tão bons clientes como qualquer outro, mas continuam deixando-as fechadas", afirmou.

O bengalês afirmou que obra social e lucro podem vir juntos, através do que denominou "negócio social", uma empresa "sem dividendos nem perdas que faça o bem para as pessoas".





Fonte: EFE

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