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Politica Brasil
Segunda - 04 de Dezembro de 2006 às 16:21

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O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), sub-relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Sanguessugas, vai se reunir na próxima quarta-feira (6) com o delegado da Polícia Federal (PF) Diógenes Curado, responsável pelo inquérito que apura o escândalo da compra de um dossiê destinado a incriminar políticos do PSDB. Gabeira está relatando a investigação da própria CPI sobre o episódio do dossiê teria sido oferecido à campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo chefe da chamada máfia das ambulâncias, Luiz Antônio Vedoin.

De acordo com o deputado do PV, Diógenes foi convidado pela CPI a esclarecer contradições entre os depoimentos dos diversos envolvidos no escândalo, que já prestaram depoimento nacomissão: Jorge Lorenzetti, chefe do setor de risco e mídia da campanha de Lula, considerado na prática um "setor de inteligência"; e seus comandados Expedito Veloso, Gedimar Passos Pereira e Oswaldo Bargas. Também participaram da operação, abortada em 15 de setembro pela PF, o empresário de Cuiabá Valdebran Padilha, intermediário entre o grupo e Vedoin, e o então assessor de imprensa da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo, Hamilton Lacerda.

Vedoin, sócio-proprietário da empresa Planam, pagava propinas a parlamentares e prefeitos para que ambulâncias fossem vendidas a preços superfaturados e pagas com recursos originários de emendas ao Orçamento da União. O grupo liderado por Lorenzetti foi pego quando finalizava a compra de informações que, segundo Vedoin, comprometiam os ex-ministros da Saúde José Serra (PSDB), então candidato ao governo de São Paulo, e Barjas Negri, sucessor de Serra e atual prefeito de Piracicaba (SP). Segundo os petistas, foram prometidos documentos e imagens mostrando que Serra e Negri tinham colaborado com a máfia, ao facilitar a liberação dos recursos orçamentários às prefeituras e organizações de interesse social.

Gabeira preferiu não adiantar os pontos a serem esclarecidos com Diógenes Curado, mas, nas entrevistas que concedeu após os depoimentos, disse ter motivos para considerar inverossímeis muitas das afirmações dos membros do grupo, que foi batizado por Lula de "aloprados". Todos eles negam que estivessem negociando a compra das informações, embora tenham dito que o dossiê - afinal nunca encontrado - tinha-lhes sido oferecido por quantias que foram baixando de R$ 20 milhões até R$ 2 milhões. Lorenzetti sustentou na CPI a versão de que o grupo prometera "assistência jurídica" a Vedoin, então supostamente preocupado com a possível perda de benefícios que havia conseguido do juiz federal Jefferson Scheneider dentro do programa de delação premiada.

Na madrugada de 15 de setembro, Gedimar e Valdebran foram presos no hotel Ibis, em São Paulo, com R$ 1,7 milhão. Gedimar afirmou à CPI ter recebido o dinheiro de "um tal de André", embora estivesse esperando os documentos que seriam enviados por Vedoin. Não se sabe por ordem de quem, entregou R$ 1 milhão a Valdebran. Ocorre que as câmeras do serviço de segurança do hotel flagraram a entrada de Hamilton Lacerda no Ibis, em duas ocasiões, uma delas pouco antes da prisão de Gedimar e Valdebran, com malas e sacolas. Ele afirma que conteriam boletos de arrecadação de campanha e material de propaganda, além de roupas e um lap top, mas nada disso foi encontrado pelos policiais federais que efetuaram a prisão.

Gabeira está se defrontando ainda com a dificuldade em descobrir a origem do dinheiro. Até agora, a Polícia Federal conseguiu apenas rastrear algumas operações de câmbio, nas quais se registram uma parte dos US$ 248 mil que integram a quantia encontrada no Ibis.

- As informações do delegado são imprescindíveis. Redigido o meu relatório, entregarei ao relator-geral [senador Amir Lando (PMDB-RO)], que poderá incorporá-lo ao seu relatório ou anexá-lo - disse Gabeira, que já não tem mais esperanças de que a CPI possa ser prorrogada até janeiro.





Fonte: Agência Senado

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