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Politica Brasil
Domingo - 03 de Dezembro de 2006 às 20:37

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A pequena cidade de Roteiro, a 80 km de Maceió, Alagoas, amanheceu hoje cercada de tropas federais e estaduais, para escolher o prefeito-tampão para os próximos dois anos de mandato. A cidade tem pouco mais de 4.500 eleitores.

O aparato policial no município é explicado pelo secretário de Defesa Social, coronel Ronaldo dos Santos: "Existe tensão por causa da morte do prefeito".

Em 2004, cinqüenta e cinco dias depois de tomar posse, o ex-prefeito Wladimir Brito (PMDB) renunciou ao cargo em circunstâncias até hoje mal explicadas. Assumiu seu vice, Edvaldo dos Santos (PMDB), assassinado em 11 de setembro em uma emboscada com mais dois assessores entre as cidades de Roteiro e São Miguel dos Campos.

Com a morte do vice que se tornou prefeito, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) determinou a convocação de eleições para 3 de dezembro. Enquanto isso, o Executivo foi assumido pelo presidente da Câmara de Vereadores, Damião Amâncio (PMDB), também candidato a prefeito-tampão.

Para garantir tranqüilidade e evitar a alta abstenção de eleitores, o presidente do TRE, desembargador José Fernando Lima Souza, pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) homens do Exército para acompanhar a votação e elaborou, em conjunto com as polícias militar, civil e federal um plano de segurança com 200 integrantes, incluindo barreiras policiais nas duas saídas da cidade e revista em todos os carros. "Roteiro vive dias de tensão. O povo me disse que está com medo e vai votar correndo para ir embora logo", disse Souza.

Há três dias, dois vereadores, entre eles o presidente da Câmara, Jerônimo Oliveira (PMDB), estão presos na sede da Polícia Federal. Ambos são acusados de comprar votos. Eles foram presos através de determinação da promotora da 18ª Zona Eleitoral, que abrange Roteiro, Rita de Cássia. "Existe compra de votos em Roteiro e estamos agindo. Um voto custa R$ 50", explicou. Os dois vereadores negam as acusações.

Mesmo com as garantias do TRE, de eleições pacatas, e as forças policiais na cidade, os roteirenses foram às urnas com medo. O pescador Cícero Alves resumiu o sentimento do povo. "Todo mundo está com medo. Estão dizendo que se um ganhar, o outro vai matar. Se o outro ganhar, vai ter a resposta, que é na bala", apontou.

Quatro candidatos disputam as eleições em Roteiro, mas apenas dois são vistos como favoritos: Fábio Jatobá (PTB) e Damião Amâncio (PMDB). Isso porque os dois possuem padrinhos políticos vistos como poderosos. Fábio é apoiado pelos deputados João Beltrão (PMN) e Cícero Ferro (PMN). Beltrão foi interpelado pelo Ministério Público Estadual porque, em um comício, nas eleições estaduais, teria dito, segundo o MPE, que "bandido deve ser tratado com o método João Beltrão". O MPE entendeu a declaração como incitação ao crime.

Ferro escapou de um atentado há três anos. Seu carro recebeu uma saraivada de 150 tiros que teriam sido, segundo a polícia, disparados por seu primo, Nilton Cardoso. O outro candidato, Damião Amâncio está na eleição com o aval do usineiro Nivaldo Jatobá, que é tio de Fábio e o empresário puxador de votos na região.

"Nas festas de família, as fotos são 3 por 4 porque não estamos juntos"¿, explicou Fábio. Amâncio não quis falar com a imprensa e seus assessores apenas repetiam o slogan da campanha presidencial do presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva: "Deixe o homem trabalhar".





Fonte: Terra

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